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Memória, preservação e acervos

Declarada guerra ao espartilho

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Por Leticia Bragaglia
Atualização:

Anuncio publicado no Estadão em 1911

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Há um século, a mais recente revolução no vestuário feminino era notícia nas páginas do Estadão. O artigo anunciava: "chegou a vez das mulheres, que já atiram ás ortigas faixas elásticas e barbatanas, proclamando a liberdade do busto na elegância do vestuário." Antes indispensável, o espartilho era agora  o grande vilão que atentava contra a saúde e liberdade das damas.

Quinta-feira, 21 de setembro de 1911

 Foto: Estadão

No começo do século XX, as mulheres lutavam por maior participação política, igualdade de direitos jurídicos e liberdade de ação. As transformações no vestuário do período demonstravam essas novas demandas.As calças foram incorporadas ao guarda-roupas feminino e os corsets estavam comseus dias contados.

As conquistas femininas, destes anos, passavam pela conquista  de direitos sobre o próprio corpo.  Na Europa ligas femininas foram organizadas para combater o corset.

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Médicos afirmavam que espartilhos muito apertados poderiam levar a problemas circulatórios, dificultar a respiração, promover atrofia muscular e gerar problemas de esterilidade. Higienistas e ginecologistas iniciaram uma verdadeira cruzada contra a vestimenta.

Os mais exaltados chegaram a apontar o "enfraquecimento cerebral" como conseqüência do uso indevido do espartilho. Numa equação fisiológica de difícil compreensão, relacionavam o diâmetro da cintura ao funcionamento cerebral.

A controvérsia era grande. Até mesmo a  comunidade médica estava dividida, pois havia aqueles que argumentavam a favor da peça.Defendiam o uso medicinal -com moderação nas amarras- para correção de postura e problemas nas costas.

Entre os defensores dos corsets estavam, também,  aqueles que não colocavam em pauta a saúde ou o bem estar das damas.Defendiam o uso da peça para puro deleite visual.  Pediam para que "(...) antes de dar a palavra ao médico, deixar que falasse o estheta (...)".

O autor do texto publicado no jornal, prof. Ernesto Bertarelli,  deu voz aos admiradores da silhueta vespa, na matéria dizia  "(...) não denunciamos apenas o mal do espartilho: seriamos injustos para com a esthetica, pois somente á custa delle é que nos seduzem os flancos femininos. O collete é o enveloppe da mulher; e como tal lhe esconde deliciosamente os segredos, tornando a promessa mais doce, e mais alta a conquista (...)."

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Pesquisa  e texto: Lizbeth Batista

Veja também:

# Mulheres de calças chocavam a sociedade em 1911 # Em 1911, calças e aviões também eram coisas de mulher

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