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Memória, preservação e acervos

Há cem anos, morria a querida rainha de Portugal D. Maria Pia

Por Leticia Bragaglia
Atualização:

Retratada por Carolus-Duran em 1880.

A edição de 06 de julho de 1911 comunicava o falecimento de Dona Maria Pia de sabóia .

A nota lembrava como a antiga rainha consorte de Portugal era querida.

Quinta-feira, 06 de julho de 1911

 Foto: Estadão

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Grande realizadora de obras filantrópicas e de caridade era chamada pelo povo de "Anjo da Caridade" e "Mãe dos Pobres". Não se envolvia em assuntos políticos, dirigia seu poder régio às ações sociais. Por sua iniciativa muitas comissões de socorro foram criadas e medidas oficiais foram tomadas para atender os afligidos por grandes tragédias. O auxílio às pessoas atingidas pelas inundações em 1876 e aos parentes das vítimas do incêndio do Teatro Baquet em 1888 estão entre os atos mais lembrados da solidária monarca.

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Segunda filha do rei Victor Emanuel II, primeiro rei da Itália, tornou-se rainha aos quinze anos de idade, ao casar-se com o rei de Portugal, D. Luís I de Bragança.

Histórias pessoais que mostravam sua postura em momentos críticos colaboravam para formar uma imagem que refletia força e decisão.

Quando a Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910 empurrou para o exílio a família real portuguesa, D. Maria Pia repeliu a idéia de deixar seu palácio pelos fundos. Declarou: "- A filha de Victor Manuel não tem necessidade de sair por outra porta, que não seja aquella por onde entrou!" Como conta a nota, mandou "pôr o coche á porta do palácio e quando emfim o toma, encarando serenamente a multidão, esta descobre-se com um fundo respeito e vê em silencio partir a rainha (...)Este facto, traduz perfeitamente quanto a rainha d. Maria Pia era estimada pelos portugueses que viam  nella uma alma de elevadas virtudes, a cada passo affirmadas em actos de philantropia e caridade."

Nos momentos finais de uma revolução gestada em anos de violência e que teve em seu processo um episódio dramático de regicídio, quando um atentado tirou a vida do rei de Portugal, D. Carlos I, e de seu filho, o príncipe herdeiro D. Luís Filipe, a rainha Maria Pia conseguiu deixar Portugal pela porta da frente.

O silêncio na partida da rainha mostra o respeito de um povo que, em meio à luta para instaurar uma República, reconhece um bom governante, mesmo quando este usa vestes reais.

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Pesquisa e Texto: Lizbeth BatistaSiga o Arquivo Estadão: twitter@estadaoarquivo e facebook/arquivoestadao

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