Primeira escola prejudicada pelo incêndio na Cidade do Samba a desfilar na Sapucaí, a Portela foi recebida por uma platéia entusiasmada. A bateria da azul e branca devolveu a gentileza com uma apresentação emocionante, que contou com uma paradinha coreografada.
Mas, quem esperava um defile cheio de garra dos integrantes da Portela se decepcionou. O restante da escola fez uma apresentação apática, com mais pontos baixos do que altos. A presença da Velha Guarda da Portela a frente foi ofuscada pelo tumulto causado pela participação do jogador Ronaldinho Gaúcho. A truculência dos seguranças em volta do atleta do Flamengo chegou a assustar até o próprio Ronaldinho, que pediu calma. Mas, o apelo não surtiu efeito e o jogador decidiu sambar sem ligar para o tumulto a sua volta.
Com a sua tradicional elegância, o cantor e compositor Paulinho da Viola minimizou os possíveis estragos que a participação de Ronaldinho trouxe à apresentação da Portela. "Ele é um ídolo. A gente já esperava por isso. Como veio na frente da escola acho que não atrapalhou", afirmou.
O ponto alto do show ficou a cargo da bateria comandada pelo mestre Nilo Sérgio. Os 300 ritmistas, que perderam parte da fantasia no incêndio do barracão, homenagearam a garra da escola com uma nova coreografia, que representava a morte e o renascimento da Portela. Os ritmistas se agachavam, colocavam os instrumentos no chão, ficavam em silêncio por alguns segundos e depois voltavam com força total.
Além da bateria, as passistas mirim da azul e branca de Madureira também arrancaram aplausos da platéia nas arquibancas, com uma apresentação emocionante. Com a ajuda da Prefeitura do Rio, a Portela contou o enredo sobre o fascínio do mar, retratando desde a navegação até a mitolgia. (Cristiane Madeu)
Confira o samba-enredo da Portela:
Rio, Azul da cor do Mar
Brilhou no céu
A luz da Águia, a estrela-guia
Do coração navegador
Que na travessia enfrentou
Todo o medo que havia
Era a mitologia do mar
A lenda deu lugar para a certeza
Que pra viver é preciso navegar
As galés do Oriente?já vêm!
Da Fenícia e do Egito? também!
Gregos e romanos partem para conquistar
e o Farol de Alexandria fez a noite clarear
Os mistérios vão desvendar
Um novo caminho encontrar
Lá na Índia, especiarias
Leva-e-traz mercadorias
A ambição do europeu se encantou
Com o Novo Mundo de riqueza natural, sem igual
Os navios negreiros
Deixam seus lamentos pelo ar
Nas águas de Yemanjá
Nem pirata aventureiro, nem o rei podem mandar
Oi leva mar, oi leva
Leva a jangada numa nova direção
O Porto centenário abriu seus braços
Na terra de São Sebastião
Portela vai buscar no horizonte
A eterna fonte de inspiração
Um oceano de amor que virou arte
E deságua na imaginação
Lindo como o mar azul
Meu grande amor, minha Portela
A força do seu pavilhão vai me levar
A navegar