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Crônica, política e derivações

Não significa nada!

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Por Paulo Rosenbaum
Atualização:
 Foto: Estadão

Asymbolia - Termo sugerido por Finkelburg que denota a perda do poder de formar ou compreender qualquer sinal ou símbolo do pensamento (seja falado, escrito ou por atitudes)

Não significa nada. Faça exatamente isso. Ignore, ignore. Mesma ladainha desse bando de ingratos. Não tem nada disso. Não acredito nem em indícios, nem em símbolos. Tire tudo isso da minha frente. O que se faz com esses índices aqui? (Ruídos de pastas sendo arremessadas) Tudo negativo? Mudem para positivo. Se não der finjam, que não ouviu, não sabe, não conhece. Sabe o que é isso? Uma borracha. Que contabilidade criativa o que. Temos que nos defender desses especuladores. Viu como tudo se ajeita? Estúpidos, não entendem nada. Nós fizemos direitinho, nós chegamos lá, e tem mais uma coisa, nós não precisamos de ninguém. Viu nas eleições? Democracia se faz com homens e marketing. Já pode ir bolando o slogan de 2018, viu? O povo? O povo é aquele mal necessário. Não, não é bem que não os ame. (Voz baixa) Os celulares estão fora da sala? Como ia dizendo, amo, tenho carinho todo especial pelos mais pobres. Mas, se formos deixar na mão deles, onde vamos parar? Depois, aos poucos, vamos colocando na cabecinha deles que partidos não prestam. Agora temos que ensinar que são todos iguais.  Nós sabemos o que fazer. Ah, se eles nos deixam tocar a coisa andaria. O que? Enxugar a máquina é uma grande bobagem. Eles querem pagar menos? Vão pagar mais. E além do que, onde iríamos ajeitar todo nosso pessoal? Não é por aí. O importante é que tem que ser do nosso jeito. Isso aí de impeachment não vai funcionar. Sabe por que não? Medo. Eles tem medo. E essa oposição quer lá o abacaxi? Só nós sabemos descascar. Notaram o toque de gênio: temos gente espalhada e tá todo mundo no lugar certo. Eles conspiram mesmo, mas eles também sabem que no dia seguinte vamos fazer a maior oposição que este País já viu. Para com isso. Ninguém tem peito. Isso aqui é cargo vitalício. (Tapas na mesa) 4 anos. (Palavrão e tapa na mesa). Não há quem me tire daqui. Sabe o que me dá segurança? Posso fazer qualquer coisa que, no fim, passa. Eles já se conformaram, não é meu querido? (Ruídos aborrecidos) Por que essa carinha? Tá preocupado com 2018? Vai por mim, até lá consertaremos tudo. Não foi assim com o mensalão? O pessoal esquece fácil, viu? Curitiba? O que tem Curitiba? Lá está frio, o inverno é que tardou. (Risos abafados) Não tem nada de maquiagem aqui não. Chegou a hora do plano B. Vamos agora começar a falar de união nacional. "Agenda Brasil" é perfeita. É vaga, é ampla, é o nada que tanto queríamos. Não engoliram? Vão engolir. Sabe aquela turma que você falou? Esses mesmos. Gente simpática, alta, bonita. Só essa cabeça aqui para pensar naquele cara para prefeito. Deu certo. (Ruídos de satisfação, princípio de aplausos) Não, ninguém precisa entender de administração como eu. Gerencia eu domino. (Cadeiras arrastadas e pigarros ao fundo) É isso dai. Vamos pegar mais um que não assuste a classe média. Professora está se coçando toda? Dão arrepio? Eu sei filha, mas eles são necessários. É uma etapa histórica mestra. Depois a burguesia acaba. E ai é correr para o abraço dos milhões, e pumba, o paraíso na Terra. (Ruído de tapas contra a própria mão) Vamos distribuir justiça, a nossa justiça. E quem precisa de liberdade? Estou te achando meio cabisbaixo. Faz o seguinte, não leia mais nada, desligue a televisão. Rádio, escolhe só música neutra sem letra. MPB agora não estou gostando tanto. Show em Nova Iorque? Nunca. Você está me preocupando, conheço essa sua cara. Vai desanimar agora que estamos superando? Bufaram por que? Por que justo agora? Isso aí? Grau de investimento, quem liga?  É bobagem. Viu nosso líder ontem?  "Gringos não entendem nada de Brasil". Ministro? Cadê o Ministro? Viajou para onde? Nunca ouvi falar. Mas é até bom. Vocês nem gostam tanto dele. Claro, eu também tenho lá minhas duvidas. Querido? Você não sabe interpretar. Tudo é aparência. Vamos torrar tudo em programas pagos, vamos nas redações, entrevistas em jornais, redes sociais. Percebeu como agora estão pegando mais leve? Contenção? Você, por favor, pelo menos aqui dentro: esqueça essa droga de palavra. Isso é lá para fora. Vamos dizer que está tudo sob controle. Já discuti isso: a gente é quem faz a realidade. É tudo uma questão de convencer a Pessoa. O que houve, falei alguma besteira? Por que estão com essa cara amarrada? Ah, desculpe. Esqueci que combinamos não falar esse nome. Querido? Pode fazer o resumo da ata de hoje? "Nós contra a rapa" Taí, gostei. Vamos usar!

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