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Crônica, política e derivações

O Estado a sério (1) - Trem para um

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Por Paulo Rosenbaum
Atualização:

Cônscios de tudo que um Estado não deve ser, este blog iniciará uma série de micro crônicas sobre respeito e o relacionamento

que um Estado, levado a sério, deve conservar com cada cidadão. 

 

"Uma companhia de trens japonesa resolveu preservar aberta a estação de Kami-Shirataki, localizada em Hokkaido.

A curiosidade é que a estação funciona apenas para uma pessoa: a adolescente Kana Harada."

Extraído da tradução do Daily Mail pelo Jornal Ciência (matéria de Merelyn Cerqueira)

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Mais de 25 anos depois Kana voltou à plataforma abandonada, estacionada no mesmo lugar, e a apresentou para as duas filhas adolescentes.

-- Viram? Era bem aqui! E era um dia como hoje. O trem chegando fazia a neve jorrar para todos os lados. Eu sempre me acomodada no vagão do meio.

-- Mãe, arriscou entusiasmada a mais nova. Um trem só para você?

-- É verdade, lembram? Saiu no jornal. Sonho sempre com isso.

-- Uma rainha, completou a mais velha, parece história de um livro.

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-- Eu também pensava isso. Achava egoísmo que ele viesse aqui só para mim. Sentia que eu não merecia aquilo.

-- Não merecia? Estranhou Yoko, a mais velha.

-- Durante um tempo. Até que meu pai, seu avô, que quase não conversava comigo sentou para explicar uma coisa que nunca esqueci.

-- Mãe, você está chorando?

-- Lacrimejando, só lacrimejando querida.

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-- O que o vovô falou?

-- Que não devia me sentir culpada, que era exatamente assim que deveria ser.

-- Mãe? As duas se voltaram curiosas. O que mais ele disse?

-- Disse que todos deveriam saber disso, mas ninguém conseguia perceber.

-- Saber o que? As meninas estavam curiosas e sob o frio, exalavam o hálito quente de neblina.

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-- Que essa preocupação é a verdadeira natureza de um Estado. Que o governo é sério quando se preocupa com o bem estar de cada um.

E é esse exemplo que serve para que continuemos a cuidar uns dos outros. Um lado e outro, as coisas se complementam.

As meninas e a mãe se abraçam, agora também lacrimejam.

 

PS- (agradeço a Carmen Monteiro que enviou o artigo)

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