Terror do opressor
Lava-te agora com o precioso cânhamo
Do teu poderoso homicídio
Tão forte a gosma da corrupção
Que jamais enxaguará teu extermínio.
Se censurar foi o teu meio
E conceder-nos matança
Foi a tua redundância.
Não haverá um só meio
Que não conheça a revolta, o centeio.
Explodindo teu glutão palácio
Ferveremos tua condolência
Abençoando-te com uma tortura sem violência.
O abuso nas tuas insígnias
Não é a estampa do horror,
Mas a forma como compeles dor.
E teus fiéis servos perpetuam
Tua doutrina mundana
Imprimindo uma consciência tirana.
Faremos ainda com que cantes
A infinidade de nossos levantes.
E a tirania da tua democracia
Farás apenas com que murmures
- Sim, o poder com sangue tecia,
Mas nada é eterno pelo tempo que dure.
Quando assim vier-nos, então
Teu submisso pedido de clemência,
Enlouqueceremos de euforia, demência.
Finalizaremos teu sepulcro com pó,
E te embalsaremos
Não com a glória de um faraó
Mas com a solenidade que temos.
Conservaríamos viva a tua alma,
Para que cada um expurgue o termo
Na tua imagem, o que foi teu governo.
(Poesia da Coletânea "Diáforas Continentais", 1977)