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Crônica, política e derivações

Tolstoi e a Terra

Por Paulo Rosenbaum
Atualização:

Retrato de um gigante

 

Biografia de Tolstoi associa autor russo a personagens divididos de seus romances

  Foto: Estadão

 

 

 

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Iásnaia Poliana é tudo menos um lugar comum. A propriedade está há muitas gerações no clã da família Tolstói, importante dinastia da aristocracia russa.

Segundo seu tataraneto, que esteve em São Paulo divulgando as atividades da fundação que dirige, a relação do escritor com a Iásnaia Poliana sempre esteve para bem além de uma simples  moradia.

Para o escritor ali, em algum lugar ignoto dos arredores, esteve enterrada a vara verde. Instrumento mítico, se encontrado teria o poder para reconstruir o mundo, cujo máximo desdobramento se faria através de uma paz mundial inédita. Ele radicalizaria o pacifismo idealizado que mobilizou Tolstoi, especialmente em seus últimos anos de vida. 

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E, de fato, em pelo menos dois episódios pouco conhecidos da maioria, a propriedade pareceu ter adquirido parte das forças mágicas a ela atribuída. Na revolução de 1917, a área foi salva por camponeses dos incêndios revolucionários diante das turbas enfurecidas. Conta a tradição oral que uma multidão significativa, igualmente determinada, protegeu a área, impedindo a invasão, fazendo um escudo com seus corpos.

Pouco mais de um quarto de século depois, Iásnaia Poliana foi mais uma vez salva.

Desta vez, tratava-se do agressor nazista que se instalou na região. Quando as tropas alemãs pressentiram a derrocada no front russo resolveram deixar Iásnaia Poliana as pressas, onde haviam se instalado.  Como de costume, pilharam a casa com todos os bens,  livros, obras de arte e objetos do escritor. Instalaram o valioso espólio saqueado em uma caravana de carros e bateram em retirada. Deixaram um rastro de destruição e organizaram um incêndio.

Mais uma vez a população local veio em socorro das terras, controlou o incêndio e saiu à caça dos bens saqueados. Perseguiram as tropas germânicas e recuperaram a maior parte dos objetos saqueados.  

A varinha verde, jamais encontrada, permaneceu no meio fio. 

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