(Texto originalmente publicado no Estadao.com.br em 22 de maio de 2002)
Time de Ulsan tem três brasileiros
Edmundo Leite
Ulsan - O Brasil só poderá enfrentar a Espanha numa eventual final na Copa do Mundo, mas três jogadores brasileiros já se preparam para encarar a "Fúria".
Paulinho, Cléber e Marquinhos jogam no
,
time de Ulsan que servirá de sparring para a seleção espanhola num jogo amistoso, no sábado.
"Vai ser difícil, vamos ter que correr muito para segurar os homens", diz
o zagueiro Cléber, zagueiro de 33 anos, que jogou em vários times do interior de São Paulo
e estava no CSA de Alagoas quando foi contratado pelo clube coreano.
Enfrentar um adversário poderoso como a seleção espanhola parece assustar um pouco. Tanto que os três não alimentam esperança alguma de fazer o jogo de suas vidas. "Será apenas um treino para eles e de certa forma para nós também. Não faz diferença, mas é legal porque
alguns dos melhores do mundo estarão lá", diz
o atacante catarinense Paulinho, que tem 25 anos e
antes de ir para o Oriente jogava no Joinville.
O meia paraibano Marquinhos
é o menos preocupado. Isso porque não
está num dos melhores momentos com a comissão técnica da equipe e sabe que tem poucas chances de enfrentar a Espanha. "Ultimamente não tenho ficado nem no banco", conta, sem perder o bom humor.
Os três, e as respectivas mulheres,
chegaram juntos a Coréia há um ano e meio, levados por um
empresário
coreano
que busca jogadores no Brasil. O contrato de dois anos termina em dezembro, mas a intenção dos três é tentar continuar no clube, ou no país. Não que tenham se adaptado plenamente aos hábitos coreanos - eles são ajudados todo o tempo por uma intérprete que morou no Brasil - , mas sim pela tranqüilidade financeira que
conquistaram. "Aqui você sabe que vai receber no dia certo. No Brasil, o mês tem 120 dias", brinca Marquinhos, lembrando a tradicional rotina
de atrasos e calotes dos clubes brasileiros. "É vantajoso por isso", diz Paulinho. Cléber
conta que não se trata de um grande salário - não revelou a quantia - , mas que é maior do que ganharia no Brasil.
O que não agrada muito aos três é o rígido esquema de trabalho dos coreanos. "Os treinos aqui são
bastante puxados e não há muita liberdade para criar. Tem que obedecer o que o técnico manda, ou você está fora", diz Paulinho. "Às vezes tá dão uma maneirada com a gente
porque somos brasileiros, mas logo estão forçando de novo".
Atacante, uma das atribuições
de Paulinho é marcar forte os adversários, sempre.
Apesar da insatisfação, os três não reclamam, apenas obedecem, para garantir a permanência no time e na Coréia o máximo que puderem. Felipão iria adorá-los.