Praça da Sé, Marco Zero, Theatro Municipal. Luiz Carlos Ramos ia apontando alguns dos pontos históricos e turísticos da cidade, enquanto a turma caminhava em busca de uma pauta. As principais orientações para os jovens jornalistas? Saber observar e ter sensibilidade. "É importante estar bem preparado e pesquisar sobre o local, mas também é bom você se deixar afetar pela realidade da região. O incomum que muitas vezes surge daí", explicava Ramos, que também é professor da PUC-SP. Veja mais fotos na página dos Focas no Facebook, aqui.
Com tantos olhares possíveis, surgiram pautas diferentes entre si. Como a história de um homem que distribui pão aos moradores de rua, no entorno da praça, e a fila enorme que se formava na entrada do Centro Cultural Banco do Brasil para a exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade - Obras-Primas do Museu d'Orsay.
A atividade proposta aos alunos do curso buscava desenvolver um valor que cada vez mais vem sendo discutido dentro e fora das redações: a importância de fazer jornalismo de observação. Além de saber apurar e ter boas fontes, é essencial que o jornalista fique atento ao que se passa na cidade. E aí, mais do que observar, ele tem de, literalmente, sentir o ambiente e ficar atento a cada local por onde passa. A ideia pode parecer simples, mas num mundo em que o jornalismo está cada vez mais ditado pelo imediatismo da internet e das redes sociais, muitos jornalistas acabam deixando isso de lado.
Quem quiser ler um pouco mais sobre o tema pode começar pelo livreto Los cinco sentidos del periodista, escrito por um mestre da reportagem, o polonês Ryszard Kapuscinski, que morreu em 2007. O trabalho teve o apoio da Fundación para un Nuevo Periodismo Iberoamericano (FNPI), do colombiano Gabriel García Márquez.
Aliás, vale procurar o livro O Imperador (Cia. das Letras), sobre o reinado de Hailé Selassié na Etiópia, escrito quando Kapuscinski foi correspondente na África. A vida e a atividade do jornalista acaba de virar livro. Leia crítica publicada recentemente no Guardian.