Primeiro, elegemos cinco grandes temas relacionados à cidade de São Paulo. Então nos dividimos em grupos e passamos a elaborar uma série de possíveis pautas dentro de cada um. Estas, mais do que um resumo do objetivo da matéria, tinham de ser roteiros detalhados.
Foi aí que começou a diversão... e o desafio.
Nem todos estavam à vontade com o tema que deveriam apurar. Logo de cara, foi necessário deixar de lado os gostos pessoais e fazer o melhor trabalho possível. Vi alguns colegas apaixonados por política, por exemplo, ficarem literalmente chateados ao notar que o caderno que estavam participando tinha ganhado uma cara mais leve, recheada de temas culturais e nada combativos.
Deste exercício resultaram algumas lições importantes. Uma delas é que, quando estiver elaborando a pauta, é importante pensar como a matéria ficaria no papel, em termos de estrutura de páginas mesmo. Às vezes, um tema um pouco batido pode se renovar com uma nova abordagem, um novo recorte. Mas, para isso, é necessário preparo. Outro fator fundamental é ter alguma noção de quais fotos, artes ou infográficos poderiam ilustrar a matéria.
Durante este processo de apuração, notamos que, de vez em quando, tendemos a nos deixar levar pela vontade de fazer uma reportagem só porque produzi-la vai ser muito divertido. O problema é que, na hora de colocar no papel, o assunto terá pouca relevância. Nestes casos, fica um alerta: sempre ter em mente os leitores. Esquecer para quem é a nossa primeira lealdade é um erro que não pode ocorrer.
Também é preciso aprender a cantar a pauta. Deve-se apresentar logo de cara o que ela tem de novo, de melhor. Se não for o tema, que seja a abordagem. Se não o texto, o infográfico incrível que se pode fazer com as informações colhidas.
Por fim, votamos nas três melhores pautas (dentre as quais uma será eleita para ser tema do caderno). Este momento pode ser considerado um último exercício editorial: escolher o que ficará melhor no suplemento, mesmo que a ideia não tenha sido sua, mesmo que o tema não lhe agrade tanto. Um belo exercício de profissionalismo e desapego.
Em suma, a pauta deve funcionar como um roteiro, muito bem construído, ainda que não engessado. Se não vingar, no mínimo você aumentou seus contatos e conseguiu novas fontes. E, com certeza, de alguns especialistas, órgãos e instituições que até então não sabia da existência.