Ele passou cerca de duas horas contando sua experiência como repórter de política, escritor e opiniático de carteirinha. A turma se deliciou ao ouvir bastidores da relação do jornalista com políticos que ajudaram (para o bem e para o mal) a fazer a história do País, como Lula, Antônio Carlos Magalhães, Fernando Collor e Paulo Maluf. Em um dos episódios, o então presidente Collor encontrou Nêumanne em uma festa e começou a reclamar que não recebia mais telefonemas do repórter depois de eleito. "Ele me gritou umas três pautas. No dia seguinte virou manchete."
Nêumanne disse não concordar com a posição de alguns editoriais que escreve, mas o seu trabalho consiste em expressar a opinião do veículo para o qual trabalha. O espaço para explicitar suas convicções pessoais é o artigo assinado na página 2 do Estadão a cada 15 dias. "Escrever é uma questão de lógica, tive a sorte de ter um bom professor de lógica no seminário, fez toda a diferença", afirmou.
Um dos momentos mais engraçados foi a descrição dos bate-papos com um de seus patrões, Silvio Santos. Ele disse ter passe livre para ver o dono do SBT em um salão de cabeleireiro fechado para Silvio nas manhãs de segunda-feira. Enquanto o criador de clássicos da TV brasileira corta o cabelo, Nêumanne conversa sobre o trabalho na emissora. "O diretor do jornal disse para eu parar de usar gravata, porque eu não tenho pescoço. Quando contei para o Sílvio, ele me perguntou por que eu não havia tirado ainda."
Uma das histórias do jornalista que mais provocou admiração e inveja (branca) nos focas foi a cobertura que ele realizou das greves no ABC paulista. Episódio inédito e crucial para a transição democrática brasileira. "Foi naquele momento que senti que estava vendo a história acontecer, fazendo parte dela". Com essa frase, ele resumiu o desejo de milhares de jovens jornalistas: cobrir um fato relevante, que será eternamente lembrado.