Quatro dias após a divulgação de vídeo que mostra um homem sendo esfaqueado durante assalto em ponto de ônibus na Avenida Rio Branco, no centro, a Polícia Militar (PM) espalhou policiais a cavalo e de bicicleta pela região. Em nota, a PM justificou a medida sob o argumento de que "esse tipo de policiamento dará mais agilidade na resolução das ocorrências".
O efetivo normal que atua na Rio Branco, principal via do centro financeiro e comercial do Rio, não foi divulgado, mas o reforço anunciado após a divulgação do vídeo pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na sexta-feira passada, aumentou de 28 no fim de semana para 70 ontem. O crime ocorreu no início da noite anterior à exibição.
Somente no quarteirão onde o homem foi esfaqueado, entre as ruas da Assembleia e Sete de Setembro, havia três carros da PM estacionados às 16h desta terça-feira. Na esquina seguinte, com a Rua Nilo Peçanha, o advogado Alexandre Moura engraxava o sapato de frente para um grupo de policiais a cavalo. "Vão correr atrás de ladrão a cavalo no meio das pessoas? Seria uma imprudência. Isso é operação presencial só para aparecer na TV. Todo mundo sabe que o problema é social", disse ele, que trabalha há 16 anos no centro.
Dona há quatro anos de loja no quarteirão onde ocorreu o esfaqueamento, Rose Monteiro disse que nunca houve roubo ao estabelecimento, mas que os assaltos na calçada são diários. "No dia do esfaqueamento, a PM chegou meia-hora depois, foi embora e eles voltaram. Não são apenas menores. A gente tem medo de sair da loja até para almoçar. Hoje tem polícia porque saiu na TV. Depois vão esquecer e vai voltar tudo."
A decisão do comando da PM foi ironizada em redes sociais. "O trecho da Rio Branco em que costumam acontecer assaltos agora está com um rastro de bosta e uma catinga inacreditável. O Rio de Janeiro é uma piada pronta", escreveu uma jornalista. "Deve ter acabado a gasolina. Quando acabar a grama, vão fazer o quê?", comentou um advogado.
No início da noite, a PM informou que dez adultos foram conduzidos à delegacia nesta terça-feira "para averiguação" e cinco adolescentes acusados de tentativa de roubo foram detidos, um deles com uma faca. No primeiro trimestre deste ano, os roubos de aparelho celular aumentaram 84,3% no Rio. Foram 2.744 registros de janeiro a março, contra 1.489 no mesmo período de 2014.