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Reformada, gruta artificial é atração no Centro do Rio

Construção fica no Campo de Santana, palco da Proclamação da República; fechamento de biblioteca afasta público

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Por Redação
Atualização:

Construída em 1873 pelo paisagista e botânico francês Auguste François Marie Glaziou (1833-1906), a gruta artificial do Campo de Santana, no centro do Rio, foi reformada e reaberta pela prefeitura, após anos de abandono.

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A nova iluminação ainda está em fase de testes. A Fundação Parques e Jardins afirma que haverá "vigilância permanente" da Guarda Municipal. Na última quinta-feira, 16, o local estava limpo, porém vazio. A cascata, oficialmente reativada, não funcionava.

Durante muitos anos, com a falta de conservação e de segurança, o local ficou interditado. O Campo de Santana, na Praça da República, tem 155 mil metros quadrados. É a maior área verde do centro histórico da cidade e um dos parques mais bonitos do Rio. Além da gruta, destacam-se figueiras centenárias, lagos e pontes construídas com estrutura de trilhos que imita troncos de árvores. Há também pequenos animais, como cutias, aparentemente acostumadas à presença humana.

 Inspirado em grandes parques românticos parisienses, o projeto de Glaziou levou sete anos para ser concluído - foi inaugurado em 1880 pelo imperador d. Pedro 2.º. Conhecido por abrigar animais como cutias, patos, gansos e pavões, o Campo de Santana reúne várias esculturas, monumentos, fontes e um chafariz de ferro fundido produzido nas Fundições do Val D'Osne, na França. Glaziou trouxe artesãos de Paris para a obra.

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Gruta artificial no Campo de Santana: inspiração em Paris ( Foto: Fabio Motta/Estadão)

 Ao lado do parque, fica a Casa Histórica onde morava o marechal Deodoro da Fonseca. Dali, o militar saiu para proclamar a República, em 1889. Também ocorreram protestos da Revolta da Vacina, em 1904. Na região, também foram promovidas touradas, que acabaram proibidas no início do século 20.

Inicialmente uma área pantanosa, a região marcava a divisão entre o Centro e a zona rural da cidade. Por muito tempo, no Brasil Colônica, a área foi usada para despejo de lixo e esgoto. Depois de reformas, foi instalado ali o 1.º Quartel Militar.

O nome Campo de Santana, que surgiu no século 18, vem da igreja que existia no local e foi demolida em 1854 para dar lugar à primeira estação ferroviária urbana do País, a D. Pedro II, onde depois seria inaugurada a atual Central do Brasil. Na década de 1940, com a construção da Avenida Presidente Vargas, a praça foi cortada no meio, mutilando o projeto original de Glaziou.

Entrada da gruta artificial, uma criação de Glaziou ( Foto: Fabio Motta/Estadão)

O grande desafio da atual reforma, que tem o apoio do Consulado da França, é atrair moradores e turistas para o parque. Um fato recente que vai na contramão dessa intenção é a restrição do horário de funcionamento da Biblioteca Parque da Presidente Vargas, sucesso de público no Rio. Ela fica ao lado do Campo de Santana e, desde sua inauguração, abria nos fins de semana. Agora, com os cortes de verbas anunciados pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), a biblioteca ficará fechada aos sábados e domingos.

Vai ser difícil atrair público para o parque só com iniciativas como a reabertura da gruta, que é muito bonita. Do topo, é possível ter uma vista panorâmica do Campo de Santana, tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac) e pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A prefeitura promete reformar os banheiros e abrir licitação para instalar um café, que receberia o nome de Glaziou, o paisagista do Império. O francês também foi responsável Passeio Público e pelos jardins da Quinta da Boa Vista.

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