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Opinião|Por que (e COMO) temos que aparecer bem nas redes sociais

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Atualização:

Obama brinca com seu cachorro Bo, quando ainda era presidente dos EUA: trabalho nas redes para se aproximar do cidadão comum Foto: Estadão

Você já ouviu o ditado que afirma que "quem não é visto não é lembrado"? Em tempos em que nunca nos desconectamos totalmente das redes sociais, essa afirmação ganhou uma nova dimensão de verdade. Qualquer que seja a sua profissão, qualquer que seja o seu negócio, aparecermos bem no LinkedIn, no Facebook, no Instagram e afins pode ser determinante para o nosso sucesso. É uma enorme obviedade dizer isso a essa altura do campeonato, mas o fato é que pouca gente verdadeiramente ganha com essa exposição. Por que uns têm sucesso e outros não? Existem limites para isso?

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Claro que sim! E nada é por acaso: colher frutos da presença nas redes sociais exige técnica e autoconhecimento.

Nessa semana, estava com uma mentoranda minha e ela me contou que suas clientes estão lhe parabenizando pela grande quantidade de trabalhos que está realizando. Que ótimo! Mas ela me confidenciou que continua fazendo exatamente o mesmo trabalho, da mesma forma e na mesma quantidade que já faz há bastante tempo.

A diferença é que agora ela está contando isso nas redes sociais.

É importante dizer que ela não está exagerando na sua promoção, não está "carregando nas tintas" e definitivamente não está mentindo. Ela está apenas contando eficientemente a seu público o bom trabalho que já vinha realizando. Mas isso foi suficiente para alterar a percepção que suas clientes têm do que ela faz. E isso lhe rende dividendos.

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O interessante é que isso vale tanto para um pequeno negócio, como o dela, quanto para megacorporações e profissionais de grande destaque. Um bom exemplo é o atual morador da avenida Pennsylvania, 1.600, em Washington DC: Donald Trump, o homem mais poderoso do mundo, usa fortemente o Twitter para se posicionar publicamente. É verdade que, graças a seu caráter intempestivo, muitos de seus tweets deixam seus assessores de cabelo em pé. Mesmo assim, gostemos dele ou não, é inegável que ele sabe se apropriar do meio digital para deixar claro o que pensa.

Seu antecessor no cargo não usava essas plataformas tão intensamente, mas trabalhava muito bem sua imagem nas redes sociais. Barack Obama usava habilmente esses recursos para se aproximar do cidadão comum, quase como se fosse um deles. Eram recorrentes fotos em que aparecia fazendo atividades de uma "pessoa normal", como brincar com o cachorro (como a que esse vê acima) ou fazer um churrasco. Sua esposa, Michelle, também se envolvia bastante na empreitada.

Obama é um cidadão comum? Claro que não! Nem mesmo agora, que já deixou o cargo. Mas até ele precisa cuidar de sua imagem para seus objetivos profissionais, e essa presença na rede é fundamental para isso. Vale lembrar que uma grande quantidade de fundos para suas duas campanhas presidenciais vitoriosas veio justamente do uso hábil das redes sociais.

Cabe aí uma pergunta: a exposição nas redes sociais pode distorcer a realidade?

 

As duas taças de vinho do solitário

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Na aula da professora Pollyana Ferrari, no mestrado do programa de Tecnologia da Inteligência e Design Digital, na PUC-SP, aparece recorrentemente uma imagem que todo mundo aqui já deve ter visto em alguma das suas incontáveis versões: uma foto de duas taças de vinho diante de um lindo cenário.

"Love is in the air!" A ironia é que, apesar da cena romântica divulgada, em muitas vezes quem publicou a foto é uma pessoa sozinha. Mas o fato de a foto estar ali debaixo do seu nome pode fazer muita gente acreditar que está no auge de um belo relacionamento.

Sem entrar no mérito de por que alguém faz uma coisa dessas, o fato é que, sim, a realidade pode ser literalmente distorcida nos meios digitais, para todo tipo de ganho. E tem muita gente fazendo isso agora mesmo, inclusive pessoas com quem você pode se relacionar aqui.

Não faça isso!

Valendo-me de outro ditado, "a mentira tem pernas curtas". Mesmo enganadores habilidosos acabam escorregando em algum momento. E aí, toda aquela reputação que vinha sendo criada e garantindo contratos vai por água abaixo. Pior: em alguns casos, as vítimas podem até mesmo exigir seus direitos na Justiça.

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Há ainda um agravante: as redes sociais são um incrível amplificador, para o bem ou para o mal. Um uso consciente e ético pode alavancar qualquer carreira ou negócio, mas uma fraude pode transformar uma estrela em poeira. No meio online, tudo acontece em escala superlativa e em tempos minúsculos.

Portanto, só publique sua foto com duas taças de vinho se alguém estiver com você.

 

"Tá se achando?"

Em palestras, aulas e mentorias, vira e mexe uma pergunta me é feita: "mas, se eu ficar falando de mim mesmo, as pessoas não vão dizer que eu 'estou me achando'?"

Claro que não! Desde que você faça isso direito.

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Nada mais chato que um sujeito que fica o tempo todo dizendo apenas como ele é incrível, como transforma em ouro tudo que toca, como faz brilhar a vida de todos que conhece: o sujeito é praticamente um santo!

Vai por mim: isso não existe!

Publicações demasiadamente egocêntricas podem até convencer em um primeiro momento, mas logo acabam caindo em descrédito. Ou -pior- viram motivo de chacota, junto com seu autor.

A dica de ouro é: fale somente a verdade! Não fique inventando coisas que não é ou não faz, nem "doure a pílula". A melhor maneira de se construir uma reputação duradoura é usar, como suas fundações, fatos e méritos verdadeiros. Eles são inabaláveis.

Mas, por outro lado, não seja demasiadamente humilde. Muita gente -talvez a maioria das pessoas- tem vergonha ou receio de contar aos outros o que tem de bom. É exatamente o contrário do exemplo logo acima! O problema, nesse caso, é que, se você não contar o que você tem a oferecer, ninguém saberá disso. E daí, como esperar que alguém o contrate por essa habilidade?

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Também "não force a amizade". Por mais que se esteja dizendo apenas a verdade, não precisa ficar falando isso o tempo todo aos quatro ventos: dose a sua exposição a um volume razoável! Tampouco faça isso sempre do mesmo jeito: sempre dá para encontrar um jeito novo e diferente de apresentar o que faz, para não ficar repetitivo e, consequentemente, cansativo.

Uma boa presença nas redes sociais também trabalha com os valores que cada um de nós carrega dentro de si, e que nos define. Qual desses valores podem ser oferecidos ao seu público? Entre os meus, por exemplo, está compartilhar conhecimento, o que faço em artigos como esse, em palestras, em cursos, em mentorias. É algo em que acredito, que me deixa feliz e que efetivamente ajuda pessoas e empresas.  Por isso, é um tema recorrente na minha presença digital.

Quais são os seus valores que podem indicar algo que possa oferecer a seu público? Pense nisso, mas seja consistente: não adianta pregar algo, mas suas ações não condizerem com aquilo.

Por fim, ofereça algo às pessoas. Todos nós podemos contribuir com o próximo, nem que seja com as pessoas ao nosso redor. E as redes sociais são uma ótima ferramenta para ampliar ainda mais o alcance disso. Longe de ser uma ferramenta de marketing vazia, isso traz grandes ganhos a todos, inclusive para quem está oferecendo, com inestimáveis ganhos até para a alma.

Portanto, pare e pense: a sua presença nas redes sociais está adequada?

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Seja sincero sempre e cuidado com o ego. Diga o que faz e ofereça de coração algo às pessoas. Seja acessível e também disponível. São atitudes simples, mas que demonstrarão o seu caráter. E, se fizer isso direitinho, você colherá bons frutos, e ninguém dirá que "esse aí se acha!"


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 Foto: Estadão

Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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