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Opinião|Tecnologia em pequenas empresas não é luxo: é sobrevivência (e as grandes que se cuidem!)

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Atualização:
 Foto: Estadão

Existem algumas ideias equivocadas sobre o mundo de tecnologia digital. Talvez a mais comum seja que os investimentos nessa área são um custo para a empresa. Outra é que apenas grandes companhias têm capacidade de investir e também de ter ganhos com isso. As duas vêm de tempos em que era necessário criar grandes estruturas de equipamentos, software e pessoal de TI. Mas isso é passado! A realidade atual é completamente oposta: qualquer empresa, mesmo as pequenas, consegue investir em tecnologia de ponta e tirar grande proveito disso. E tem mais: longe de ser um custo, é uma ferramenta de produtividade crítica!

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Não é papo de vendedor. A tecnologia está mais acessível que nunca. Ela permite que jovens empreendedores sonhem e executem modelos de negócios inovadores, que posicionam suas empresas como concorrentes ferrenhos de corporações centenárias. E muitos deles já estão levando a melhor sobre os modelos tradicionais em segmentos como varejo, comunicação, indústria eletrônica, finanças, transporte, hospedagem, educação, saúde, entre tantos outros. Assistimos a empresas-bebês colocando concorrentes-dinossauros para fora do mercado.


Vídeo relacionado:

http://youtu.be/RoslleXD-xc

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Presenciei isso muito de perto sendo Mentor de Conteúdo do SAP Forum, na terça e na quarta passada. Para se ter uma dimensão desse evento, é o segundo maior da empresa no mundo, perdendo apenas para o Sapphire, que acontece nos EUA. O Forum reuniu mais de 8.000 profissionais, que puderam acompanhar 452 sessões de conteúdo, showcases e workshops. Apesar de tantos números maiúsculos, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a diversidade nos expositores e especialmente no público: muita gente buscando jeitos criativos de usar a tecnologia em seus negócios, mesmo os pequenos.

Tanto é verdade que Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil, destacou o tema na entrevista que me concedeu, transmitida ao vivo do Forum e que pode ser vista acima (10 minutos): "falar de inovação não é mais uma vantagem ou um luxo das grandes companhias." Para a executiva, muitas pequenas empresas veem a tecnologia como seu diferencial. "Se as empresas não estiverem olhando todo esse arcabouço tecnológico, elas terão um problema sério de existência", explica.

Isso não é ficção científica: está totalmente integrado ao nosso cotidiano, graças a empresas que foram criadas seguindo o que Palmaka disse. Por exemplo, usou o Uber nos últimos dias? Navegou pelo Facebook? Fez uma busca no Google? Comprou no Mercado Livre? Hospedou-se pelo Airnnb? Assistiu a algo no Netflix? Pagou pelo Nubank? Todas essas empresas hoje são colossais, mas surgiram de usos criativos da tecnologia para atender a necessidades ou ideias geniais de seus criadores, às vezes com investimentos mínimos. Se tivessem tentado fazer as coisas do jeito "tradicional", sem aproveitar a tecnologia que tinham a sua disposição, provavelmente nunca teriam progredido.

Mas então é só sair usando a tecnologia digital para se dar bem?

 

Não deixe a zona de conforto matar você

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Claro que a tecnologia digital por si só não resolve nada! Se fosse assim, teríamos muito mais empresas geniais por aí. Só que isso não acontece.

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Tudo porque ela é apenas uma ferramenta. Um martelo -que também é tecnologia- pode ser usado para bater pregos ou quebrar pedras. Mas, na mão de um artista, serve para esculpir mármore e criar uma obre de arte.

O grande desafio, portanto, está na cabeça do empreendedor. "As resistências internas são culturais", diz a presidente da SAP. E essa turma que prefere ficar na sua zona de conforto, mesmo sabendo que ela está com os dias contados, normalmente credita sua inércia a supostos altos custos e à dificuldade de se adotar novas tecnologias.

Nada mais equivocado! Elas estão muita mais baratas, graças a inovações como a "computação na nuvem", que dispensa pesados investimentos em aquisição e manutenção de equipamentos. Do lado do software, a compra de caras licenças vem sendo substituída pelo conceito de "software as a service", ou seja, agora se aluga o sistema, ao invés de comprá-lo. Até mesmo o uso e implantação foi simplificado. Empresas como a própria SAP e seus concorrentes ajudam nessa tarefa, agilizando todo o processo.

"Talvez, para começar pequeno, controlar em uma planilha está ok", sugere Palmaka. "Mas, a partir do momento em que você sai da centralização das informações em pessoas e começa a crescer, você precisa ter a garantia de que os sistemas vão te dar essa robustez", afirma.

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Mas então o que escolher nesse vasto cardápio tecnológico?

 

Use tudo -e apenas- o que você precisa

Não é porque nova tecnologia está disponível, que temos que adotá-la, seja ela nova ou já estabelecida. O sucesso desses investimentos passa também por conhecer todas as opções e escolher tudo -e apenas- aquilo que pode agregar valor ao nosso negócio.

"Empresas diferentes vão ter ideias diferentes para avançar seus negócios e para inovar", explica Luis Cesar Verdi, Chief Customer Officer da SAP na América Latina, e responsável na região pelo SAP Leonardo, a estrela desse Forum. Verdi também me concedeu uma entrevista ao vivo no evento, que pode ser vista logo abaixo:


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Vídeo relacionado:

http://youtu.be/7dDsf6oTvow


"Inovação significa fazer coisas diferentes agregando valor ao negócio, agregando valor ao cliente", explica Verdi. "Pequenas empresas também fazem isso; médias também."

O próprio Leonardo não pode ser caracterizado como um produto convencional. Ele é um conjunto de tecnologias -big data, machine learning, Internet das coisas, blockchain, sistemas analíticos- que funcionam de maneira integrada, mas que podem ser contratadas individualmente, de acordo com as necessidades de cada cliente.

"O cliente não compra, ele assina esses serviços", diz o executivo. "E ele vai contratar na medida de sua necessidade: empresas pequenas vão contratar menos; empresas maiores vão contratar mais."

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É interessante notar que a SAP ou qualquer outra empresa não produz toda a tecnologia necessária para qualquer cliente. Por exemplo, os equipamentos necessários para o uso do módulo de Internet das coisas do Leonardo necessariamente vêm de outros fabricantes. E isso é uma das belezas dessa nova forma de investir em tecnologia digital: as empresas, qualquer que seja seu porte, não precisam mais ficar atreladas a um único fornecedor. É possível combinar as soluções mais adequadas para cada necessidade.

"O que chegou é justamente a necessidade de inovar e aproveitar as novas tecnologias para criar novas formas de se comunicar com o cliente, novas formas de agregação de valor, desintermediação e comunicação direta com os consumidores", explica Verdi.

Você pode estar dizendo para si agora: "ah, mas isso não é para mim. Eu sou pequeno demais para qualquer uma dessas coisas!"

É mesmo? Você é menor que os vendedores ambulantes da areia da praia? Pois muitos deles já carregam terminais 4G para aceitar cartões. E assim não perdem mais vendas porque o cliente está sem dinheiro vivo.

E então, qual será a sua postura com relação a investimentos em tecnologia digital?

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Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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