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Diversidade e Inclusão

"A inclusão é banalizada no Brasil"

Funcionária da Natura há mais de sete anos, Camila de Mendonça foi contratada na cota para pessoas com deficiência. "A seleção não foi fácil", diz a analista de RH. Projeto inclusivo da empresa nasceu antes da Lei de Cotas. "Queremos chegar a 8% de pessoas com deficiência até 2020, mas ainda enfrentamos a barreira da educação", afirma a gerente de recursos humanos Flavia Pilan.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:


Quando a analista de recursos humanos Camila de Mendonça começou a trabalhar na Natura, mais de sete anos atrás, já havia percorrido um longo período de dedicação ao conhecimento. Com escoliose lombar congênita, ela foi contratada por meio da Lei nº 8.213/1991, chamada de Lei de Cotas.

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"Comecei a trabalhar com 16 anos em um consultório odontológico, sem registro. Aos 18, na busca por uma oportunidade no mercado formal, participei da seleção para telefonista em um hospital. O horário me impedia de estudar e recusei a proposta. A gestora perguntou sobre meu interesse em participar de um processo para pessoas com deficiência. Era para período matutino e fui selecionada. Fiquei lá por três anos, até que me formei e comecei a procurar um novo desafio", conta Camila.

"Encontrei a oportunidade na Natura, mas a seleção não foi fácil. Fiz dinâmica, entrevista com o RH e depois com a gestora. Fui selecionada para a vaga em administração de pessoal", diz a analista, que já concluiu uma pós-graduação. "Aprendo em diferentes áreas com consultoria de RH e projetos", explica.


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IMAGEM 02: Camila de Mendonça é a analista de RH (crédito da foto: divulgação). Legenda para cego ver: Camila de Mendonça está sorrindo em frente ao computador. Ela tem cabelos castanhos e veste camisa florida. Foto: Estadão


ANTES DA COTA - O projeto de inclusão da Natura começou na década de 1980, com mapeamento de postos de trabalho para torná-los acessíveis, e também com sensibilização dos colaboradores.

"Um marco muito importante foi a construção da nossa sede de Cajamar (Grande SP), no ano 2000, quando começamos o programa de inclusão de pessoas com deficiência auditiva, treinando colaboradores voluntários ouvintes em Libras (Língua Brasileira de Sinais) que se tornam padrinhos e guardiões da inclusão", conta Flavia Pilan, gerente de recursos humanos da empresa.

Outro marco relevante, diz a executiva, foi a construção do centro de distribuição, em São Paulo, com tecnologia assistiva de ponta, investimento no desenvolvimento individual e a proposta de chegar a 30% de pessoas com deficiência no quadro funcional dessa unidade até 2020.

"Desde a contratação da primeira pessoa com deficiência, nosso compromisso é melhorar os processos, espaços e cultura para que todos possam mostrar seu potencial e que sejamos cada vez mais inclusivos", ressalta Flavia Pilan.


IMAGEM 03: Flavia Pilan é gerente de recursos humanos (crédito da foto: divulgação). Legenda para cego ver: Flavia Pilan sorri, olhando para a câmera. Ela tem cabelos loiros e usa camisa estampada. Foto: Estadão


OPORTUNIDADE - Para Camila de Mendonça, a lei de cotas é uma chance para inclusão de pessoas com deficiência, mas a legislação não soluciona toda a questão. "É preciso pensar em acessibilidade, sensibilização, carreira e muitos outros temas ainda recentes para a real inclusão", defende a analista.

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"A inclusão no Brasil é banalizada, tanto por empresas quando pelas próprias pessoas com deficiência. Muitas vezes, ter deficiência pode ser confundido com estabilidade no trabalho ou barganha. E as empresas, com a necessidade de cumprir cotas, não se preparam para receber esses profissionais. O processo é bagunçado e atropelado", afirma Camila.

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"Evoluímos muito e minha trajetória é um exemplo bom para inclusão. Sempre tive as mesmas cobranças e oportunidades de meus pares, recebi méritos e fui promovida com base nas minhas entregas e não na minha limitação", celebra a profissional.

DIVERSIDADE INCLUÍDA - A gerente de recursos humanos da Natura explica que pessoas com deficiência participam da construção das iniciativas inclusivas. "Há uma máxima que respeitamos muito: 'Nada sobre nós, sem nós'. Ninguém melhor do que quem vive a realidade para nos dizer como podemos melhorá-la", destaca Flavia Pilan.

O projeto de inclusão da Natura tem base em três conceitos principais: viés inconsciente, entendimento sobre privilégios e ações afirmativas, com avaliação das barreiras dentro e fora da empresa para tentar minimizá-las, e a premissa que, em condições igualitárias, todo indivíduo tem potencial. A empresa pretende atingir a 8% de pessoas com deficiências entre todos os seus funcionários, também até 2020.

"Temos pessoas com deficiência ocupando cargos gerenciais e todas as vagas abertas também são oferecidas para profissionais com deficiência. Trabalhamos com processos e comunicações inclusivas para facilitar o desenvolvimento de todos os colaboradores.

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EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO - Flavia Pilan afirma que a falta de capacitação das pessoas com deficiência ainda é uma realidade que dificulta a contratação. "A educação no Brasil é pouquíssimo inclusiva e 60% das pessoas com deficiência não têm ensino fundamental completo (dados do IBGE). Ainda enfrentamos essa barreira", diz.

COMBATE AO PRECONCEITO - "Uma das crenças da Natura é 'quanto maior a diversidade das partes, maior a riqueza e vitalidade do todo'. Então, a diversidade já faz parte da nossa cultura. Todos os novos colaboradores são treinados no momento em que entram na empresa e a liderança também. A meta ter mais pessoas com deficiência na empresa é dividida por todas as áreas", reforça a gerente.

PARA VENDER MAIS - "Esse ainda é um dado difícil de medir, mas acreditamos que sim. Quanto mais diverso é nosso quadro de colaboradores, mais conseguimos entender as diferentes realidades e pontos de vista, o que gera mais inovação e, consequentemente, maior vantagem competitiva", conclui Flavia Pilan.

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