Está instalada a polêmica. O projeto criado pela agência África para atrair visibilidade aos Jogos Paralímpicos atingiu sua meta. Mas o objetivo foi alcançado a partir de um erro, de um tropeço, de uma lambança.
Na verdade, trata-se somente de mais um erro clássico, cometido por quem pode saber muito sobre publicidade, mas desconhece como apresentar corretamente o universo da pessoa com deficiência.
A pergunta mais justa neste caso já foi feita. Por que não usar os paratletas ao invés de criar deficiência em quem não tem? Certamente, seria o mais acertado.
Cléo Pires e Paulo Vilhena são Embaixadores Paralímpicos (juntos com José Victor Oliva) e emprestam rosto, corpo e fama à causa, ajudam a divulgar os Jogos. Os três participaram da cerimônia de convocação e apresentação da delegação paralímpica.
Todas as ações que joguem luz no evento devem ser avaliadas positivamente. E essa campanha divulgada na Vogue deve servir de ensinamento ao setor editorial/publicitário.
Vocês não precisam disfarçar pessoas com deficiência, não precisam alinhá-las às pessoas 'sem deficiência', não precisam 'criar' amputações em quem não é amputado, não precisam maquiar, esfumaçar ou aplicar qualquer outro efeito melhorador.
É muito mais simples. Apresentem pessoas com deficiência, atletas com deficiência, cidadãos com deficiência da forma mais real possível, do jeito correto. Mostre-os como são.
O Brasil será representado por 278 atletas nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, com chances reais de conquistar muitas medalhas. E cada um desses competidores é personagem real, com histórias, imagens e possibilidades de estrelar campanhas em qualquer mídia.
Façam como o filósofo. Aceitem que somos todos eternos aprendizes. E usem essa trapalhada para acertar na próxima.