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Diversidade e Inclusão

"Nem tudo no Brasil está tão errado ou é tão ruim"

Para o nadador Caio Amorim, o legado dos Jogos Paralímpicos de 2016 pode mudar para melhor a situação das pessoas com deficiência no Brasil.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
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"A natação é o meu trabalho", diz Caio Amorim. Foto: Divulgação

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Caio Amorim tem 22 anos e persegue uma meta. Ele largou a faculdade de administração, deixou sua cidade natal - Saquarema, no RJ - e foi morar em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, para treinar, treinar e treinar, com foco em um bom resultado (talvez a medalha de ouro) nos Jogos Paralímpicos de 2016. "A natação é o meu trabalho. São três sessões de treino por dia. Duas na piscina e uma na musculação", diz.

As competições fazem parte da vida do atleta desde a infância, entre 8 e 9 anos, época na qual disputava posições com atletas sem deficiência, inclusive no mar, enfrentando as travessias. "Comecei para tratar da bronquite", conta Caio, que nasceu com má formação nas pernas, o que compromete seus movimentos, mas jamais limitas vitórias.

Aos 14 anos, após uma pausa para cirurgias, ele conheceu o Instituto Superar e passou para as competições de alto desempenho. Em 2009, Caio quebrou quatro recordes brasileiros da classe S8 e competiu no Parapan de Jovens, em Bogotá (Colômbia). Em 2011, participou do Open de Berlim de Paranatação e do Parapan de Guadalajara, onde ganhou cinco medalhas (dois ouros, duas pratas e um bronze). Em 2012, nas Paraolimpíadas de Londres, terminou a final do 400m livre na sétima colocação, com o tempo de 4min39s86, além de obter quarto lugar na disputa do revezamento. Em 2013, no Mundial de Montreal, no Canadá, terminou os 400m livre em sexto lugar.

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"Para mim, nunca houve impedimentos dentro da natação. Meu professor fez toda a diferença, minha família e meus amigos sempre me apoiaram", diz Caio. Ele afirma ter conhecido muito mais sobre o universo da pessoa com deficiência após entrar nas competições específicas e ressalta que esse deve ser o legado dos Jogos de 2016, a exemplo do que, na opinião dele, ocorreu em Londres. "Nem tudo no Brasil está tão errado ou é tão ruim. Na época da Olimpíada em Londres, a cidade tinha muita acessibilidade por causa dos jogos, mas o importante é que isso foi mantido. É exatamente isso que precisa acontece no Brasil".

Atualmente patrocinado pela Seguros Unimed, Caio diz que o País precisa investir nas crianças, incentivar a prática de esportes, mas também criar a estrutura para que essas crianças continuem. "O Brasil tem poucas iniciativas para 'bancar' as crianças e colocá-las no esporte". Sobre o dia a dia, ele diz conviver de forma harmoniosa com a falta de educação e cita como exemplo o uso das vagas reservadas para pessoas com deficiência nos estacionamentos. "Eu não uso porque tem gente que precisa mais do que eu, mas é fato que não há qualquer fiscalização. E quando eu reclamo, acabo ouvindo respostas muito agressivas e até preconceituosas".

Para Caio Amorim, o legado dos jogos de Londres é o mais importante. Foto: Divulgação
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