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Diversidade e Inclusão

Novos rumos da Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência

Nomeação de Rosinha da Adefal para comandar a SNPD foi publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira. Escolha criou impasse entre Romário Faria e Mara Gabrilli. Deputada acusa o senador de chantagear o presidente Temer.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

Clique aqui para visitar a página da Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência. Imagem: Reprodução  Foto: Estadão

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Funcionários da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência aguardam a chegada da nova chefe, Roseane Cavalcanti de Freitas Estrela, a Rosinha da Adefal, nomeada na última segunda-feira, 17, para saber quais serão os rumos da SNPD a partir de agora. A escolha recebeu apoio de vários parlamentares, como os senadores Romário Faria (PSB/SP), Paulo Paim (PT/RS), Ana Amélia (PP/RS) e o deputado federal Otávio Leite (PSDB/RJ), todos com reconhecida atuação na defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

A nomeação criou também um impasse entre Romário e a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB/SP), que acusou o senador de forçar a escolha de Rosinha para barganhar seu apoio, ou não, ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). "Rosinha é minha amiga e não tenho nada contra ela, mas o Romário chantageou o presidente Temer. Ele usou a causa da pessoa com deficiência como moeda de barganha. Essa é a face mais podre da política", diz Gabrilli.

Procurado pelo blog Vencer Limites, Romário Faria afirmou que ficou surpreso com as colocações da deputada. "Quando a procurei, ela disse que não assinaria o ofício, mas afirmou que não tinha nada contra a Rosinha. Inclusive, disse que era um ótimo nome. Foram grosseiras e levianas as insinuações por parte da Mara, de que a indicação da Rosinha foi moeda de barganha para apoiar ou não o impeachment. Além de representatividade na área, Rosinha tem um ótimo diálogo com o Congresso Nacional. Facilitando e garantindo que demandas apresentadas tenham um rápido atendimento", disse o senador em nota.

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Romário também ressaltou que sugeriu o nome de Rosinha da Adefal há mais de um mês, apoiado por parlamentares de vários partidos. "A deputada Mara Gabrili também foi procurada, mas não quis apoiar o nome, sugerindo outra pessoa para o cargo", comentou. O senador destacou que Rosinha tem um longo histórico de luta em favor das pessoas com deficiência, bagagem que lhe conferiu um mandato de deputada federal em 2010, quando ela atuou ao lado dele e outros parlamentares que lutam pela causa.

Deputada Mara Gabrilli acusa o senador Romário Faria de chantagear o presidente Michel Temer. Imagem: Reprodução  Foto: Estadão

Para Mara Gabrilli, é quase certo que Rosinha, apesar da nomeação para a SNPD, assuma uma cadeira na Câmara dos Deputados em breve. "Ela é primeira suplente do PTdoB e há um parlamentar do partido que deve sair candidato a prefeito", diz. "Eu acredito que a presença dela na Câmara tem muito mais força para a luta pelas pessoas com deficiência do que no comando da SNPD, porque nossas atuações seriam somadas", afirmou Mara Gabrilli.

Outra crítica feita pela deputada diz respeito à forma como foi tratado o metroviário Marco Pellegrini, que havia sido anunciado como o novo secretário nacional, mas que jamais foi nomeado. "Encontrei com o Samuel Moreira (secretário-chefe da Casa Civil do governo de SP) e ele havia acabado de assinar a exoneração do Pellegrini no cargo que ocupava na secretaria estadual da pessoa com deficiência, sem saber que ele não seria mais o secretário. Essa nomeação foi um atropelo", diz.

Sobre a transferência da SNPD para o Ministério da Justiça, Mara Gabrilli afirma que o mais importante é que o ministro (Alexandre de Moraes) e o presidente da República apoiem as ações da secretaria. "O tema precisa ser prioridade no País", cobrou a deputada.

Nomeação de Rosinha da Adefal para comandar a SNPD foi publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira. Imagem: Reprodução  Foto: Estadão

Mara Gabrilli disse ainda que a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência precisa de mudanças. "Falta uma articulação eficiente dentro dos ministérios, porque a SNDP nunca terá os recursos necessários para dar andamento a todas as políticas. Por isso, é preciso haver uma proximidade com, por exemplo, a pasta de Cidades, para tratar da acessibilidade do Minha Casa Minha Vida, e na Saúde, porque nosso programa atual de órteses e próteses é um dos piores do mundo", ressaltou a parlamentar.

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A deputada também avaliou negativamente os resultados do programa 'Viver sem Limites', um dos principais projetos da SNPD. "Isso está na mira do Tribunal de Contas. Em estados como Maranhão e Roraima, a entrega de uma cadeira de rodas demora mais de 5 anos. O projeto é muito mais um holofote", concluiu Mara Gabrilli.

O blog Vencer Limites entrou em contato com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e pediu uma entrevista com a nova secretária, mas foi informado que ela ainda não foi oficialmente apresentada à equipe da SNPD. Também pedimos informações ao Ministério da Justiça e ainda não houve resposta.

Rosinha da Adefal vai comandar a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD). Imagem: Reprodução  Foto: Estadão

Roseane Cavalcante Freitas, a Rosinha da Adefal, nasceu em 22 de abril de 1973. Aos dois anos de idade foi acometida por uma poliomielite (paralisia infantil), que lhe retirou a mobilidade das duas pernas. Comandava atualmente a Secretária Estadual da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas. Foi deputada federal pelo PTdoB.

Recebeu a comenda do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Maceió (19º Região) e também o Prêmio Selma Bandeira, criado para homenagear mulheres que se destacam nos segmentos sociais em Alagoas. Em 2009, chefiou a delegação da Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas (CBBC) na Guatemala.

Foi ainda conselheira titular do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos de Pessoa com Deficiência (CONADE), do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência de Maceió, do Conselho Municipal da Condição Feminina de Maceió e suplente no Conselho Municipal de Entorpecentes de Maceió. Atuou também na Associação Dos Deficientes Físicos em Alagoas (ADEFAL) e na Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos (ONEDEF).

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