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2 anos após tragédia, vítimas da boate Kiss são homenageadas

Amigos e familiares se reuniram em frente ao prédio que pegou fogo para se lembrar dos entes e pedir Justiça; 242 pessoas morreram

Por Lucas Azevedo
Atualização:

PORTO ALEGRE - A madrugada desta terça-feira, 27, foi de homenagens às 242 vítimas fatais e outras centenas de feridos pelo incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Pais, amigos e familiares se reuniram em frente ao prédio em que funcionava a boate para se lembrar dos entes que se foram e pedir Justiça. 

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Às 2h30min desta madrugada, foi feita uma contagem do um ao 242 na Rua dos Andradas. No mesmo local, há dois anos, centenas de jovens eram socorridos, depois de retirados - muitos desacordados - de dentro do prédio em chamas. Dezenas perderam a vida ali mesmo. 

No asfalto, foi pintado um coração branco, envolto por velas. Dentro, foram depositadas fotografias das vítimas. A fachada da Kiss também foi desenhada. Painéis foram grafitados por estudantes da faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Os dois anos do incêndio foram lembrados em um ato que iluminou com velas o que restou da boate e espalhou balões brancos no céu;pais e mães fizeram a contagem dos 242 mortos Foto: Jean Pimentel/Agência RBS

Em uma parede, agora está a imagem de uma pessoa e o símbolo da Justiça. Em outra, a frase "Até quando a indiferença vai servir à injustiça?". 

As homenagens às vítimas começaram ainda na tarde dessa segunda-feira, 26. Às 19h, ocorreu o encontro de familiares e amigos, todos vestidos de branco, na Praça Saldanha Marinho, a principal da cidade, a uma quadra da Kiss. Ali foi exibido um vídeo antes de começar a caminhada silenciosa que terminou em frente à boate. 

A imagem de Nossa Senhora Aparecida, que havia sido retirada da fachada da Kiss durante a limpeza, foi devolvida ao local. À meia-noite, 242 balões brancos luminosos foram soltos e ganharam o céu da cidade. 

Prédio da boate Kiss pegou fogo após um músico da banda Gurizada Fandangueira acender um sinalizador; estabelecimento não tinha alvará nem saídas de emergência Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Na manhã desta terça-feira, por volta das 7h, o Movimento do Luto à Luta - composto por pais e familiares das vitimas - fez uma caminhada até o prédio do Ministério Público, onde pediu Justiça e agilidade na condução do processo.

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Oito réusrespondem criminalmente pela tragédia - quatro por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, e quatro por falso testemunho e fraude processual. Nesse momento, a Justiça está colhendo depoimentos das testemunhas de defesa. Cerca de cem pessoas já foram ouvidas como testemunhas de acusação. Os réus - que estão em liberdade - falarão por último, mas ainda não há data certa para isso. 

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