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40% dos brasileiros têm doença crônica não transmissível, diz IBGE

Hipertensão arterial, cardiovasculares, câncer, diabete e depressão são responsáveis por mais de 70% das mortes no País

Por Clarissa Thomé
Atualização:

Atualizado às 14h25 RIO - Quatro em cada dez brasileiros têm ao menos uma doença crônica não transmissível, conjunto de enfermidades que responde por mais de 70% das causas de mortes no Brasil. São doenças como hipertensão arterial, cardiovasculares, câncer, diabete e depressão. Esse é o diagnóstico da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, divulgada nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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Dos 146,3 milhões de brasileiros, 57,5 milhões responderam que sofrem de pelo menos uma desses doenças. Elas estão associadas a hábitos pouco saudáveis, como o consumo abusivo de álcool, alimentação pobre em frutas, legumes e verduras, sedentarismo, pouco exercício físico e tabagismo - um padrão de comportamento que também aparece na pesquisa do IBGE. "O monitoramento destes fatores de risco e da prevalência das doenças a eles relacionados é primordial para definição de políticas de saúde voltadas para prevenção destes agravos", escreveram os pesquisadores na publicação.

A hipertensão, importante fator de risco para doenças cardiovasculares, atinge um em cada 5 brasileiros - 31,3 milhões de pessoas relataram ter sido diagnosticadas com pressão alta. Deste total, 14,1% foram internados por complicações provocadas pela doença.

6 milhões de brasileiros tiveram diagnóstico de doenças cardiovasculares (infarto, angina, insuficiência cardíaca e aterosclerose) Foto: Erica Dezonne/Estadão

As mulheres foram mais diagnosticadas do que os homens, 24,2% delas ante 18,3% deles. A proporção de homens e mulheres que sofre de pressão alta é maior conforme aumenta a idade - a partir dos 65 anos, a enfermidade afeta mais da metade da população. A doença parece ter também influência de importante componente de renda - 31% das pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto têm pressão alta. Na outra ponta, 18,2% dos entrevistados com nível superior completo disseram ser hipertensos.

No Pará e Maranhão, quase 10% da população nunca tiveram a pressão arterial medida. A situação é mais grave na região Norte - 7% dos moradores nunca tiveram a pressão medida. Em todo o País, essa proporção cai para 3%.

Colesterol. Outro fator importante para o aumento do risco de doenças cardiovasculares é o colesterol elevado - 12,5% das pessoas com mais de 18 anos tiveram esse diagnóstico. Minas Gerais foi o Estado com a maior proporção de pessoas com índice elevado de gordura no sangue (14,8%), seguido de Sergipe (14,6%). Entre as mulheres, chama a atenção as taxas altas de colesterol nos Estados de Sergipe (19,8%), Rio Grande do Norte e Paraíba (17,2%) e Minas Gerais (16,8%).

Entre os brasileiros, 6,2% têm diabete. Mas o dado pode estar subestimado, já que 11,5% da população nunca testou o nível de glicose no sangue - o açúcar elevado é indicador de que a pessoa desenvolveu diabete. A situação é mais grave em Estados do Norte e Nordeste, como Maranhão (25,9% ), Acre (24,7%), Roraima (22,7%), Ceará (20,9%), Pará e Tocantins (19,1%), e Piauí (17,8%).

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O risco do descontrole do diabete é o agravamento do quadro de saúde. A pesquisa mostrou que entre as pessoas diagnosticadas há mais de 10 anos, 36,6% desenvolveram problemas de vista; 15,5%, problemas circulatórios; 13,3%, problemas nos rins; 7,1% enfartaram; 4,4% sofreram acidente vascular cerebral (derrame) e 2,4% tiveram de amputar um membro.

Depressão. Onze milhões de brasileiros sofrem de depressão e a prevalência é maior na região urbana (8% da população) do que na rural (5,6%). As regiões Sul e Sudeste apresentaram os maiores porcentuais de diagnósticos de depressão, 12,6% e 8,4% respectivamente. Apesar do diagnóstico, menos da metade (46,4%) recebeu assistência médica no ano anterior. A pesquisa aponta que uma em cada 10 brasileiras sofre de depressão. Entre os homens, a proporção passa para um em cada 25.

De acordo com Maria Lucia Vieira, gerente da PNS, a proporção superior de mulheres com doenças crônicas foi uma constante no levantamento. Isso ocorre porque elas têm habito maior de procurar o médico, cuidam mais da saúde. "Há uma resistência ainda maior dos homens em procurar o profissional de saúde mental. Acredita-se que as mulheres tenham uma facilidade maior de procurar esses profissionais e até de assumir a depressão".

Das pessoas diagnosticadas com depressão, 52% usam medicamento, mas apenas 16,4% fazem psicoterapia. Uma em cada dez diz ter limitação das atividades por causa em grau intenso ou muito intenso de limitação das atividades por causa da depressão.

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