Atualizada às 21h54
SÃO PAULO - Condenado por 48 estupros de 37 mulheres, o ex-médico Roger Abdelmassih ainda é investigado por outros 26 casos de estupro, em um segundo inquérito policial, aberto em 2009. Ele também é suspeito de praticar crimes contra a Lei de Biossegurança, como a comercialização indevida de óvulos e manipulação genética de embriões.
Segundo a delegada Celi Paulino Carlota, da 1.ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), responsável pelo inquérito, ao menos quatro vítimas relataram a possibilidade de o médico ter usado óvulos e embriões para outros fins, que não fertilizá-las.
Segundo ela, o médico fazia diversas coletas de óvulos de uma só vez. O comportamento causou estranheza nas vítimas. As mulheres alegavam que outras clínicas famosas faziam apenas uma retirada, armazenando os óvulos coletados. “A suspeita é que o objetivo era comercializar”, afirmou a delegada.
“Elas iam em outras clínicas e era totalmente diferente. Os óvulos coletados servem para outras tentativas. A hiperestimulação ovariana é sofrida e elas precisavam passar por isso várias vezes. É algo muito dolorido”, disse Celi.
Das 26 vítimas, quatro tiverem problemas na gestação. Uma delas carregou um feto morto no útero por dois meses. Outra mulher teve uma criança com Síndrome de Edwards, doença que pode ser detectada na gravidez. O bebê morreu aos três meses.
Outro lado. A defesa de Abdelmassih diz que o ex-médico foi responsável pelo nascimento de 8 mil crianças e apenas dois casos são questionados. Não há ação cível questionando os demais. A defesa disse que vai analisar o inquérito antes de definir que providências tomar e que o habeas corpus que já existe tem prioridade porque o médico está preso. /COLABOROU MARCELO GODOY