Acusado de matar o cartunista Glauco é preso em Goiás

Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 29 anos, tentava fugir de uma abordagem policial na capital do Estado

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Por Marília Assunção
Atualização:
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, acusado de matar o cartunista Glauco, é preso Foto: Divulgação/Polícia Militar

Atualizada às 21h12

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GOIÂNIA - Acusado em 2010 pelo assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas e de seu filho, considerado inimputável e libertado de uma clínica psiquiátrica há um ano, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 29 anos, foi preso novamente nesta segunda-feira, 1º, por uma morte. Ele acabou detido após perseguição policial, dirigindo um carro de luxo, roubado de um jovem de 21 anos executado na noite do último domingo. É suspeito ainda de uma tentativa de latrocínio na quinta-feira.

Às 21 horas de domingo, o estudante Mateus Morais Pinheiro deixava a namorada em casa, no Setor Bueno - um dos mais populosos da cidade, com grande concentração comercial e de colégios -, quando foi abordado por dois assaltantes. Um deles, visivelmente nervoso segundo testemunhas, apontou uma arma cromada contra o rapaz. Ainda não se sabe se Pinheiro tentou reagir ou fez um movimento, mas o criminoso disparou no peito do estudante. Na sequência, levou o carro, um Honda Civic branco, deixando a vítima morta na calçada.

O caso foi atendido pelo delegado adjunto Thiago Damaceno Ribeiro, da Delegacia Especializada em Investigações de Homicídios. Nesta segunda, às 12 horas, quando seguia em um veículo descaracterizado, o delegado se deparou com o Honda Civic, com a mesma placa do carro roubado no domingo, e percebeu que o condutor dirigia em alta velocidade, acompanhado de perto de um Honda Fit. 

Ribeiro ainda se lembrou que, na quinta-feira, quase houve outro latrocínio (roubo seguido de morte) no Setor Bueno, envolvendo um Honda Fit, que teria facilitado a fuga dos envolvidos. No caso, a vítima foi o agente prisional Marcos Vinícius Lemes, de 45 anos, que continua internado em estado grave.

Enquanto ainda estudava a abordagem, ele notou um veículo da Guarda Municipal e pediu auxílio para deter os suspeitos em um engarrafamento. Quando policiais mandaram os motoristas descerem, o condutor do Civic, que era Cadu, agiu com frieza e apontou uma arma.

Nesse momento, os guardas relataram que teve início um tiroteio. “Ele (Cadu) deu ré violentamente e escapou dirigindo sobre a calçada, mas o outro homem desceu do Fit, se entregou e disse que estava ajudando a puxar (roubar) uns carros”, afirmou Ribeiro. O outro preso foi identificado como Ricardo Pimenta Andrade, de 23 anos, que responde por tráfico em Minas.

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Na sequência, a Polícia Militar foi acionada e algumas quadras depois se deparou com o Civic batido em um muro. Cadu fugia a pé, quando foi detido pelos soldados. Ele ainda portava a arma cromada. 

Após ser preso, o rapaz teria admitido que sabia que o carro era roubado, mas negado participação na morte ou na tentativa de latrocínio de quinta. “Na terça, teremos condições de dizer em quais crimes está envolvido”, observou o delegado.

Glauco. Em 2010, Cadu confessou o assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele, Raoni Vilas Boas, e foi considerado inimputável porque houve diagnóstico de esquizofrenia paranoide. Ele matou os dois a tiros, durante um surto psicótico, após consumir maconha, haxixe e uma mistura de ervas fornecida pela igreja Céu de Maria, fundada pelo cartunista, que seguia a doutrina do Santo Daime e oferecia aos praticantes um chá alucinógeno típico.

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Cadu teve alta do hospital porque, diagnosticado como doente mental, ele já havia cumprido os prazos legalmente previstos no Código Penal nesses casos. Na época, a juíza Telma Aparecida disse que levou em consideração os relatórios psiquiátricos que assinalavam que a periculosidade da esquizofrenia sofrida por Cadu estava sob controle e ele não oferecia ameaça. Também pesou uma avaliação pela junta médica do Tribunal de Justiça, ocorrida em junho do ano passado.

A Assessoria do Tribunal de Justiça informou que a juíza Telma Aparecida só se manifestaria por meio de nota oficial, o que não ocorreu até 18h20.

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