PORTO ALEGRE - O advogado Marlon Adriano Balbon Taborda pediu que a Justiça quebre o sigilo e obtenha informações sobre a movimentação das contas bancárias do médico Leandro Boldrini e de seus irmãos Paulo e Vilson desde que o corpo do menino Bernardo Boldrini foi encontrado, no dia 14 de abril.
Representante da avó materna do garoto, Jussara Uglione, Taborda acredita que a eventual comprovação de saques reforça a tese de que o assassinato do garoto teve motivações financeiras. O advogado revelou ainda que uma pesquisa em cartórios mostra que a madrasta, Graciele Ugulini, transferiu dois automóveis e um imóvel para irmãs entre a data do crime e a denúncia oferecida contra os suspeitos pelo Ministério Público, em 15 de maio.
Gravações de telefonemas feitas pela polícia com autorização da Justiça e divulgadas por veículos do Grupo RBS no fim de semana indicam que familiares de Boldrini se mobilizaram para fazer saques em 25 de abril, quase ao mesmo tempo em que o Ministério Público obtinha o bloqueio dos bens do médico.
Órfão de mãe, o garoto Bernardo, de 11 anos, vivia com o pai e a madrasta, em Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul. No dia 4 de abril ele foi levado por Graciele a Frederico Westphalen, a 80 quilômetros da cidade, a pretexto de consultar um benzedeira. Câmeras de vigilância captaram imagens da madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, saindo com o garoto e voltando sem ele. Dez dias depois o corpo foi localizado enterrado em um matagal. Boldrini, Graciele e Edelvânia foram presos no mesmo dia. Um irmão de Edelvânia, Evandro, foi preso posteriormente.
Nenhum dos quatro suspeitos conseguiu autorização para responder ao processo em liberdade. O Ministério Público acusou o médico de ser o mentor da morte do filho, executada pela madrasta com ajuda da amiga e participação indireta do irmão, que teria aberto a cova. Afirmou, ainda, que todos tinham interesses financeiros. O casal para ficar com os bens que Bernardo herdaria da mãe e os irmãos pelo pagamento que receberiam.
Baseada nos depoimentos das duas mulheres, que não apontaram a participação do médico, a defesa de Boldrini sustenta que ele é inocente. Graciele alega que a morte do menino foi provocada pela ingestão acidental de dose excessiva de remédios. Edelvânia afirma que não participou do "evento morte". Evandro nega participação na ocultação do cadáver.