Depois de perder mais um round com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Palácio do Planalto pretende evitar um novo embate direto com o desafeto peemedebista. A ordem, agora, é concentrar as atenções no Senado, onde acredita ser possível reverter a amarga derrota de quinta-feira e impedir o avanço da proposta de redução da maioridade. Na avaliação de um auxiliar direto da presidente Dilma Rousseff, o resultado da votação na Câmara foi “um desastre”, criando um péssimo clima para um governo já confrontado com uma série de problemas na relação com o Legislativo.
Segundo o Estado apurou, a manobra regimental do presidente da Câmara surpreendeu até Dilma, que apostava em uma saída negociada com a oposição: o aumento da internação do jovem que cometer delitos graves, a partir de modificações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sem mexer na maioridade, como defende o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB).
Diante de um tema tão controverso, complexo e delicado, o Planalto já se conformou que a redução é, acima de tudo, uma questão pessoal para Cunha. Em uma tentativa de evitar pôr mais lenha na fogueira, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, minimizou o impacto da votação. “O governo entende que esse não é o melhor caminho pra que a gente possa combater a violência, mas respeita o Poder Legislativo. O governo vai continuar defendendo suas posições”, disse Edinho. A dúvida que fica é saber quem é que vai sair em defesa deste governo.