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Análise: Há avanços, mas o caminho para a igualdade é longo

A divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para 16 regiões metropolitanas brasileiras traz um conjunto de boas notícias, mas também não nos livra de velhas preocupações. 

Por Marco Antonio Teixeira
Atualização:

A parte boa é revelada quando são comparados os dados de 2000 com 2010, confirmando uma melhoria em todas as regiões e setores pesquisados. Em termos nacionais, as áreas metropolitanas do Norte e Nordeste apresentaram maiores avanços como resultado do aumento da expectativa de vida ao nascer, da ampliação das formas de acesso à educação e do incremento de renda. 

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Todavia, o IDH das regiões metropolitanas, quando comparado com seus respectivos Estados, revela a persistência de um problema que sempre nos assombra: a desigualdade. Se pegarmos, por exemplo, a região metropolitana de São Luís, verifica-se que seu IDH variou de 0,642, em 2000, para 0,755 em 2010. Mas no Estado do Maranhão o índice foi de 0,476 para 0,639, respectivamente. Ou seja, é evidente o avanço. Mas também a diferença de condições entre a área metropolitana e o Estado. 

A concentração de atividades econômicas e de equipamentos públicos nas grandes cidades nos ajuda a entender como essa desigualdade contribui para agravar problemas urbanos já conhecidos. São Paulo não foge desse padrão. Tomando a cidade como referência, percebe-se que existe um número (restrito) de regiões com IDH superior ao da Noruega, país melhor posicionado nesse indicador. Ao mesmo tempo, outras regiões do Município se encontram em posição parecida com a da Namíbia (0,624), um dos piores no mundo.

O que isso significa? Que em certos lugares da cidade alguns vivem mais e melhor do que muitos outros. Não há como negar que o País está melhorando de maneira consistente, os dados mostram isso. Entretanto, aqueles que sofrem as mazelas sociais do cotidiano têm pressa para também usufruir de melhor padrão vida. Ou seja, tão importante como olhar a média do indicador, e comemorar seus avanços, é olhar para seus extremos e ver que o caminho para o alcance de condições de vida menos assimétricas para todos ainda é longo.

MARCO ANTONIO TEIXEIRA É CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA FGV-SP

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