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Apesar da intervenção federal, medo toma conta do município de Serra (ES)

Cidade lidera em número de mortes desde que o motim de PMs teve início no Estado; nesta quinta, um soldado morreu baleado

Por Vinícius Rangel
Atualização:
O soldado da PM do ES André Monteiro dos Santos tinha 22 anos Foto: Facebook/Reprodução

VITÓRIA - Mesmo com a intervenção das Forças Armadas e da Força Nacional, os moradores da Serra, no Espírito Santo, não se sentem seguros. O município, de quase 500 mil habitantes, lidera o ranking das cidades com mais mortes no Estado - um total de 36, das 158 registradas desde que tiveram início os motins da Polícia Militar até as 17h desta quinta-feira, 16. Os dados são do Sindicato dos Policiais Civis do Estado.

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Nesta quinta, um soldado da Polícia Militar do Espírito Santo de 22 anos, foi morto com 14 tiros. André Monteiro dos Santos estava de folga e saiu com a mulher de uma academia quando foi abordado por dois bandidos em uma moto. A dupla anunciou o assalto e um deles portava uma faca. O PM reagiu, mas a namorada o impediu que atirasse. A arma caiu, um dos bandidos pegou a pistola e atirou contra a vítima. Até a noite desta quinta ninguém foi encontrado.

O bairro com o maior número de homicídios foi o de Morada de Laranjeiras, com 6 mortes. O comerciante Edinei Andrade, de 40 anos, dono de uma lanchonete e de um restaurante em um bairro próximo da região, não abriu os estabelecimentos em horário normal desde que os motins começaram. Teve prejuízos e se sente refém dos criminosos. 

"Não existe nenhuma polícia, Exército ou Força Nacional aqui. Nem de dia e a noite. A gente está entregue aos bandidos de uma forma absurda. O comercio não voltou direito, pois quando passa das 18h, fechamos as portas. De dia ainda arriscamos, mas até quando vai ser assim, eu não sei. Tive de suspender o tradicional festival de caldos, com medo de assaltos e tiroteios aqui na região. É pisar fora de casa que você vê tiros. Somos reféns" disse Andrade.

Vítima de assalto, a empresária Regiane de Lurdes, de 34 anos, foi rendida na última sexta-feira, 10, no bairro Colina de Laranjeiras. De acordo com ela, é uma região onde os roubos estão constantes e não há policiamento. "É difícil a gente sair de casa. Se eu coloco o rosto para fora da janela, já entro em pânico. Qualquer barulho me deixa assustada".

A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que quem realiza os patrulhamentos nos municípios é o Exército. Já o Exército Brasileiro, não respondeu sobre o policiamento na região.