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Apesar de tragédia, vida noturna em Porto Alegre não diminuiu

Jovens não deixaram de se divertir na cidade gaúcha por com medo de que uma nova incidente ocorra

Por Wagner Machado
Atualização:

PORTO ALEGRE - Mesmo com o incêndio que vitimou 236 pessoas e deixou mais de uma centena de feridos há uma semana em Santa Maria, na região Central do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, distante cerca de 300 km do local da tragédia, passado o primeiro impacto, parece que os muitos jovens não deixarão de se divertir em casas noturnas com medo de que uma nova incidente ocorra.Na madrugada de sexta-feira, dezenas de pessoas dançavam e se divertiam na boate Beco 203, localizado em um bairro nobre da Capital dos gaúchos e que tem uma filial em São Paulo, na Consoloção. Foi nesta casa em Porto Alegre que os olheiros do Big Brother encontraram o Nasser Bernardes Rodrigues, gaúcho que está na 13ª edição do reality show Ainda que a danceteria estivesse parcialmente interditada pela Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), já que o andar de baixo só será liberado depois que o proprietário trocar a parte das placas de sinalização e consertar uma das luzes de emergência, o público se fez presente. "Não tem por que deixar de vir aqui. Pode parecer indiferença, mas a vida segue.Tem menos pessoas que o habitual, mas a casa tá com bastante público Eles se preocupam com a nossa segurança", relata a estudante de psicologia Sandra Pacheco, de 21 anos. Opinião diferente tem a leitora do Estadão que enviou um e-mail afirmando que se sente insegura no local, por não ter certeza se há saída de emergência e que precisava descer por escada para ter acesso aos outros ambientes.A pedido do Estadão, o engenheiro civil e especialista em segurança do trabalho, que tem experiência de dez anos com Plano de Prevenção de Incêndio (PPCI), Edson Stivelman, de 49 anos, esteve no Beco 203 e debruçado sobre a lei municipal de Código de Proteção contra Incêndio de Porto Alegre 420/1998 avaliou as condições do local. " Eles possuem todos os alvarás necessários", considerou Stivelman. Segundo ele, apesar das críticas, o local tem piso antiderrapante, extintores de incêndio, porta de saída de emergência e boa sinalização. " As únicas falhas que encontrei foi a ausência de barra antipânico e a sinalização de saída deveria ser em cima das portas e não do lado. Além disso, há uma área utilizada como fumódromo que consta como saída de emergência, situação equivocada, que representa grande perigo em caso de incêndio, pois todos correrão para este local. Em compensação, a casa noturna, exibe em uma grande televisão um vídeo sobre segurança e como agir em caso de incêndio, tal qual é mostra nos cinemas", exemplifica.O proprietário do Beco 203, Vitor André da Rosa, esclarece que as placas de saída na área que dá acesso ao fundos do prédio, mas sem acesso à rua, serão retiradas.Na semana passada, o poder municipal interditou a casa noturna Cabaret, localizada no mesmo bairro do Beco 203, que outro leitor também havia alertado sobre o fato do chão ser todo de madeira, fiação do local é aparente e ausência de sinalização de emergência. O responsável da Smic, Humberto Goulart, revelou que o principal motivo da medida foi o risco de acidente com fogo, já que os fiscais verificaram a utilização de placas de fibra, lã e espuma na vedação acústica e fios desencapados. O secretário também criticou o pé direito baixo do andar térreo, uma porta estreita de saída, aos fundos, caixas de cerveja depositadas em meio ao passeio e o que considerou "higiene zero" no local. Conforme o proprietário da casa noturna, Jeremy Crawshaw Hinzelmann, o isolamento acústico não é fabricado com material inflamável, mas sim com lã de vidro, recomendada pelos bombeiros. Ele também garante que o local dispõe de saída de emergência, com duas portas de 2,1 m, e que a porta dos fundos foi encontrada bloqueada no momento da fiscalização, pois o estabelecimento ainda não havia aberto ao público. Também na semana passada, após a tragédia, a Prefeitura de Porto Alegre divulgou à população os nomes das cinco casas noturnas que se mantêm abertas com liminar judicial, além dos 46 estabelecimentos regularizados e dos 24 em processo de regularização.

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