Após 3 anos, mãe cobra punição em SP

Adolescente morta por manobrista atravessava na faixa em Pinheiros

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Por Fabiane Leite
Atualização:

Já faz 3 anos e 9 meses que a estudante Narriman Assis Tostes, então com 16 anos, morreu atropelada, durante a madrugada, na faixa de pedestres da Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, zona oeste. Ela tinha acabado de tomar um lanche com amigas e o sinal estava fechado para os carros. Narriman, ou Nani, como era chamada, era filha única. Segundo a mãe, Maria Izabel de Assis, as investigações apontaram que Nani foi atingida por causa da "brincadeira" do manobrista de uma casa noturna próxima, que ziguezagueava entre os carros para chamar a atenção da filha e das garotas que a acompanhavam. Apesar da dor e da indignação, a mãe considera uma vitória o fato de ter conseguido levar o caso ao Tribunal do Júri - os advogados prevêem que o julgamento ocorra até o fim do ano. "O carro pode virar uma arma, é preciso que as pessoas tenham consciência disso." Corretora de imóveis, Maria Izabel contou com a ajuda de amigos para tentar superar a morte da única filha. Teve períodos de perda de memória, passou por tratamento e foi obrigada a reaprender a fazer coisas banais, como comer e se vestir. Diz que ela mesma correu o risco de ser atropelada. Arrasada, costumava caminhar pelas ruas sem olhar por onde andava. MUDANÇA Só atualmente Maria Izabel consegue falar um pouco do caso. Mesmo assim, é sempre obrigada a parar, para se recuperar do choro. Diz que nunca conseguiu ler o boletim de ocorrência sobre o acidente e teve de se mudar de Pinheiros, onde ela e a filha moravam, para não lembrar tanto da tragédia. "Ela era uma pessoa muito especial, tinha um sorriso grande, era muito paciente. Achava que todas as pessoas eram boas, legais", conta. "Eu tinha medo e falava para ela que nem todo mundo é bom." Segundo Maria Izabel, as quatro amigas que acompanhavam Nani - que costumam visitar a corretora até hoje - deram a mesma versão para o acidente. A mãe diz que o manobrista Severino Lima Ferreira, que estava no volante do carro, responde ao processo em liberdade. A reportagem não conseguiu localizá-lo. Também não conseguiu falar com seus advogados. Maria Izabel sofreu mais uma violência há cerca de um mês. Foi atacada por um homem na Avenida Pacaembu, também na zona oeste. Ele tentou arrastá-la, mas a corretora reagiu e conseguiu escapar. Sua bolsa foi encontrada sem dinheiro e sem um dos itens mais preciosos: a fotografia mais recente que tinha da filha. FRASES Maria Izabel de Assis mãe de Narriman ?O carro pode virar uma arma, é preciso que as pessoas tenham consciência disso? ?Ela tinha um sorriso grande. Achava que todas as pessoas eram boas. Eu tinha medo e falava para ela que nem todo mundo é bom?

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