Após acesso a projetos, grevistas recuam e mantêm paralisação

Entidades dizem que propostas resultam até em perdas; governo lamenta intransigência

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Por Marcelo Godoy
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Depois de acenar com o fim da greve na Polícia Civil, as entidades de classe, incluindo a Associação dos Delegados, recuaram e decidiram manteve a greve, que já dura 37 dias. Os dirigentes negam interesse eleitoral na decisão e afirmam que a prova disso é o fato de terem marcado a maior manifestação da categoria para segunda-feira, na Praça da Sé, centro de São Paulo, um dia depois das eleições municipais. Hoje, sindicalistas e presidentes de associações farão um ato na Assembléia Legislativa. A Secretaria de Gestão Pública lamentou a intransigência das entidades e diz que o assunto deve ser discutido agora no Legislativo, para onde foi encaminhado um projeto de lei com os reajustes. O que mudou o cenário, 24 horas depois da reunião com o delegado-geral, Maurício Lemos Freire, foi, segundo as entidades, uma leitura atenta dos três projetos enviados à Assembléia. "Quem tiver promoção ganhará um bom aumento, mas a maioria terá pouco e haverá ainda os que vão ganhar menos", diz o delegado André Dahmer, da Associação dos Delegados. Ele cita os agentes que ganham vale-refeição. Com o aumento de 6,5% prometido pelo governo no salário-base, receberiam R$ 60 a mais. Com isso, o salário deles ultrapassaria o teto estabelecido para o pagamento do benefício. "O governo dá R$ 60 e retira R$ 90. No fim, ele vai ganhar menos R$ 30. Assim não dá." Os delegados disseram que os projetos reservam surpresas como o fim da fiscalização exercida pela Ordem dos Advogados do Brasil nos concursos para delegado. "A questão não é só financeira, mas de dignidade. Retirar a OAB é abrir caminho para ingerências estranhas no concurso. Ninguém havia pedido isso. Por que o governo fez? Faltou diálogo", diz Dahmer, que nega que a mudança de posição da Associação dos Delegados, que se mostrava anteontem favorável ao fim da greve, tenha relação com as eleições municipais de domingo. Os líderes das entidades se reuniram ontem e chegaram ao consenso de que a paralisação deve continuar. Anteontem, o governo anunciara o envio dos projetos à Assembléia. Pelas propostas, a polícia teria um reajuste de 6,5% no salário base em 2009 e outro de 6,5%, em 2010. Além disso, haveria cerca de 16 mil promoções - há 35 mil policiais civis no Estado -, por meio da extinção da 5ª classe e da transformação da 4ª classe em estágio probatório. A aposentadoria especial seria restabelecida.

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