Após pente fino, presos ameaçam agentes de cadeia em MG

Funcionários alegam ainda que ataques a quatro ônibus ocorridos na Região Metropolitana de Belo Horizonte foram em retaliação à operação

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Por Marcelo Portela
Atualização:

BELO HORIZONTE - Agentes penitenciários que trabalham na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram ameaçados de morte por detentos que alegam pertencer à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As ameaças ocorreram após um pente-fino realizado no início da semana na unidade prisional, considerada de segurança máxima.

 

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Para os agentes, pessoas ligadas a esses presos podem estar por trás dos ataques a quatro ônibus, queimados na região após a varredura. A informação é contestada pela Polícia Militar (PM), que considera os casos como fatos isolados de vandalismo.

 

O último ataque ocorreu na noite de quarta-feira, 27, no bairro São Luiz, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Dois homens chegaram ao ponto final, obrigaram o motorista e o cobrador a descerem e atearam fogo no coletivo. Ainda na noite de quarta-feira, outro ônibus foi incendiado no ponto final, também por dois homens, em Vespasiano, na região metropolitana da capital. Os outros dois ônibus foram queimados em Contagem, na segunda-feira, e em Ribeirão das Neves, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no dia seguinte. Ninguém ficou ferido ou foi preso.

 

Todos os ataques ocorreram após a busca realizada na segunda-feira, 25, na Penitenciária Nelson Hungria, onde estão quase 200 presos que alegam pertencer à facção criminosa criada em São Paulo. Na ocasião, foram encontrados em poder dos presos 16 aparelhos de telefone celular, 24 chips e 14 armas brancas, além de maconha, cocaína e crack. Na mesma noite, houve o incêndio do ônibus em Contagem, cometido por dez adolescentes.

 

Pouco depois, a PM prendeu Eliza Camões Batista, de 50 anos, acusada de tráfico de drogas, que assumiu estar por trás do ataque mas alegou que estava "brincando" com os jovens quando disse para eles imitarem criminosos de São Paulo. Eliza é casada com Messias José Morais, um dos detentos da Nelson Hungria que se autointitula integrante do PCC.

 

No dia seguinte, os veículos usados para transportar os funcionários para a unidade prisional tiveram a segurança reforçada. "Eles (detentos) fazem ameaças veladas e alguns falam abertamente que isso (pente-fino e recrudescimento na segurança) vai ter retaliação. O pessoal está bastante apreensivo", contou um dos integrantes do Comando de Operações Penitenciárias Especiais (Cope) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) de Minas. O Estado procurou a assessoria da Seds, mas ainda não houve resposta.

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