SÃO PAULO -A cerca de 60 quilômetros de distância de Salvador, capital da Bahia, e dona de um dos litorais mais bonitos do Brasil, Mata de São João sobrevive da indústria do turismo. Segundo moradores, de tão pacífico o local chegou a ser conhecido como “a cidade dos aposentados”. Nos últimos anos, porém, uma escalada de violência tem atingido o município. “Aqui todo mundo conhece alguém que foi assassinado”, diz o jardineiro Gilton Santos, de 58 anos.
Em 1.º lugar no ranking das mais violentas do País, a cidade tem 102,9 homicídios por arma de fogo para cada 100 mil, segundo o Mapa da Violência 2016. Só em 2014, foram 45 casos. Isso para uma população que não passa de 45 mil pessoas.
“Agora é morte atrás de morte. Só neste ano foi o ‘Pitbull’, o ‘Geo’, o ‘Guel’, o ‘Fábio’. Tudo assassinado”, conta o motorista Antônio Carlos Cardoso, de 48 anos, “nascido e criado” em Mata de São João. “Conhecido meu, são mais de dez.”
A maior parte das ocorrências está relacionada ao tráfico de drogas e as vítimas são, geralmente, jovens entre 15 e 25 anos, de acordo com os moradores. “Começou de uns cinco anos para cá. Antes a gente não via isso de jeito nenhum. É muito triste”, diz Cardoso.
Segundo Gilton Santos, é comum relatos de homicídios envolvendo disputas por pontos de venda de droga. “O tráfico é o principal problema. São os jovens que estão morrendo baleados. Os criminosos fazem tocaia ou abordam com moto e atiram. Muitas pessoas se sentem inseguras aqui”, conta.
Em nota, Secretaria da Segurança Pública (SSP) da Bahia afirma que a cidade tem predomínio de vegetação fechada e, por isso, serve “como ponto de “desova” de corpos, elevando os índices registrados”, uma vez que o estudo é feito com base nos dados do Datasus. Também diz que investe na restrutuação das polícias e que os índices da secretaria apontam redução de assassinatos na cidade nos últimos anos.
A SSP da Bahia questiona, ainda, o ranking do Mapa da Violência. Segundo afirma as diferentes metodologias usadas por cada Estado para contabilizar os casos “induz a um erro grosseiro, que expõe os estados transparentes” e “protege àqueles que utilizam de subterfúgios que mascaram a realidade das grandes metrópoles”.