As lembranças de um filme antológico

PUBLICIDADE

Por Ivan Marsiglia
Atualização:

Citado no discurso de Barack Obama no Rio, o filme Orfeu Negro (1959) já havia sido objeto de observações do presidente americano. Baseado em uma peça de Vinícius de Moraes, o filme dirigido por Marcel Camus - que projeta numa favela carioca o mito grego de Orfeu e Eurídice - aparece na autobiografia do presidente, A Origem dos Meus Sonhos (Gente, 2008). No livro, Obama conta que, no ano em que viram o filme, sua irmã Maya o achou antiquado e ele próprio teve vontade de sair no meio. Mas notou o fascínio que exercia sobre sua mãe, Ann. "Subitamente percebi que a representação dos jovens negros que eu via na tela, a imagem inversa dos sombrios selvagens de Joseph Conrad, era o que minha mãe havia levado com ela para o Havaí anos antes", escreve ele. Orfeu Negro, todo falado em português e com um registro mágico e adocicado da realidade brasileira, arrebatou a Palma de Ouro em Cannes naquele ano e o Oscar de Filme Estrangeiro em 1960. Mas seu "exotismo de cartão postal" não passou despercebido à época, nas palavras do cineasta Jean-Luc Godard em um artigo para a revista Cahiers du Cinéma.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.