‘As pessoas perderam o juízo’, diz consultor sobre preços de hospedagem na Copa

Brasília tem diárias de até R$ 150 mil; programa da Secretaria de Turismo incentiva a hospedagem em casas de família

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Por Ligia Formenti
Atualização:

BRASÍLIA - “As pessoas perderam o juízo”, diz o coordenador de uma central de reservas de hospedagem, José Eudásio de Alencar, sobre o mercado em Brasília. Acostumado a trabalhar com grandes eventos há pelo menos 15 anos, ele não esconde o espanto com os preços sugeridos por proprietários interessados em alugar imóveis durante a Copa. “A maior parte quer alugar pelo mês todo. Mas, quem vem para a Copa, quer passar 30 dias em Brasília? Já ouvi gente pedindo R$ 150 mil por uma casa. Com piscina, jardim enorme, quadras. Mas é demais, não?”, diz. A vendedora Clarice Bucar, de 68 anos, compara os preços do mercado e já pensa em mudar sua tabela. “Sinto-me até um pouco humilhada”, afirma, ao contar que pretendia cobrar R$ 110 pela diária de um quarto em sua casa. Clarice participa do Cama e Café, um programa criado na capital federal há três meses que seleciona interessados em ofertar um quarto para alugar dentro de seu imóvel. Ao entrar no programa, o proprietário se compromete também a oferecer um café da manhã com itens básicos, como café, pão, suco e uma fruta. No Cama e Café, participantes também passam por um curso rápido de formação, com noções para receber hóspedes. “Nas aulas, conversando com outras pessoas, vi que meu preço era um dos menores”, conta Clarice, que já tem reservas para março e junho. Na estreia, receberá paulistas. No período da Copa, a reserva foi feita por um casal de colombianos. “Para esse dia o preço já está fechado, mas tem outros jogos”, diz. Com o apoio da Secretaria de Turismo do Distrito Federal, o Cama e Café recebeu até agora 380 casas candidatas ao programa, 102 já foram aprovadas. Outras 62 estão em fase de validação para o cadastramento. “O imóvel passa por vistoria. São avaliadas desde as condições gerais da casa até a qualidade da roupa de cama que será oferecida”, diz o coordenador do programa, Newton Garcia. Os valores sugeridos no programa vão de R$ 140 a R$ 250. “O parâmetro é o valor médio de um hotel de três estrelas”, diz Garcia. Até agora, a maior parte dos interessados é de aposentados e pessoas com formação de nível superior. Nem todos falam outro idioma. Clarice, animada, já se matriculou em um curso de inglês.

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