As surpresas do Missal franciscano

O sentido principal da liturgia preparada para o papa no Brasil é louvar a Deus mergulhado na trama vital das juventudes. As liturgias terão orações incômodas e necessárias para adultos na fé. O Missal, além das partes fixas tradicionais, virá marcado de surpresas. A prece e veneração pessoal que Francisco fará diante da pequenina imagem de 36 cm na capela do Santuário Nacional, por exemplo, supera a frieza de antigas rubricas e traz as marcas da compaixão tão caras ao novo bispo de Roma: “Mãe Aparecida, como Vós um dia, assim me sinto hoje diante do vosso e meu Deus, que nos propõe para a vida uma missão cujos contornos e limites desconhecemos, cujas exigências apenas vislumbramos. Mas, em vossa fé de que ‘para Deus nada é impossível’, Vós, ó Mãe, não hesitastes, e eu não posso hesitar”.

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Por ANÁLISE: Fernando Altemeyer Junior e Professor de Teologia da PUC-SP
Atualização:

Na Praia de Copacabana, o papa acompanhará, como simples peregrino, as meditações da via-sacra, com um texto visceral preparado por dois sacerdotes brasileiros, padre Zezinho e padre Joãozinho. Serão 14 estações nas quais o próprio Jesus se faz jovem. A última estação é um poema de esperança: “Semeado no silêncio fecundo. Sepultado na rocha mais fria. Nada mais se podia esperar. Ia com ele o projeto de vida que veio ensinar. É meu povo escondido e a rezar”. 

Assim, rezando com os jovens do mundo, o papa Francisco sela a conexão profunda da fé cristã com cada jovem pobre ferido pela violência urbana, que nunca poderá estar presente em Jornadas Mundiais. As surpresas do Missal são as próprias exigências surpreendentes do Evangelho de Jesus. Simples assim!

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