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Associações de turismo temem que ´País saia da prateleira´

Crise do setor aéreo e a violência tem espantados turistas estrangeiros

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Associação Brasileira de Turismo Receptivo Internacional (Bito, na sigla em inglês), Roberto Dultra, acredita que o novo capítulo da crise aérea terá efeito a longo prazo. "Os pacotes são fechados com antecedência e não podem ser cancelados assim, em cima da hora. Mas está cada vez mais difícil vender o País no exterior. Nosso temor é de que o Brasil saia da prateleira", afirmou. Dultra esteve recentemente nos Estados Unidos, onde participou de feiras de turismo. "Há dois anos eu não precisava tocar no tema segurança. E dessa vez, metade do tempo das minhas apresentações eu gastei dando explicações sobre a violência e o apagão aéreo", afirmou. O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ), Angelo Vivacqua, acredita que o mais desastroso das sucessivas crises envolvendo o setor aéreo seja o fato de as pessoas terem desistido de viajar. "Nesse réveillon tivemos redução de 5% em ocupação e faturamento, em comparação ao fim de ano anterior", calculou. "Eu mesmo viajaria a trabalho na sexta-feira retrasada e não fui. As pessoas mudam seus hábitos, buscam outras soluções como conferências pela internet". O vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, Carlos Alberto Amorim Ferreira, acredita que a crise aérea afetará também os planos de crescimento do governo. "Está tudo comprometido. O setor de hotelaria vai parar. Acabou a temporada de navios, que foi uma alternativa no apagão aéreo. E estamos entrando numa temporada de baixa temporada, quando nos preparamos para a temporada seguintes, mas sem saber como serão as férias de julho." O Secretário de Turismo, Esporte e Lazer do Estado, Eduardo Paes, criticou a demora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em fazer mudanças que poderiam minorar a crise. "O apagão aéreo tem várias nuances e uma delas é a superlotação dos aeroportos de São Paulo. Cerca de 40% das pessoas que circulam por Cumbica e Guarulhos estão ali para fazer conexão. É preciso remanejar vôos para aeroportos como o de Confins (MG) e o Tom Jobim (RJ), que operam com capacidade ociosa", afirmou. Ele lembrou que medidas como essa não impediriam o apagão provocado pela greve dos controladores, mas resolveriam situações como ocorridas no fim de semana retrasado, quando o Aeroporto de Cumbica ficou fechado por causa do mau tempo e por defeito no equipamento de auxílio de pousos de avião. O problema teve reflexo em outros aeroportos, argumentou.

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