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Babá é presa por agredir menina em Uberlândia (MG)

Câmeras escondidas pelos pais flagram maus-tratos e violência

Por Agencia Estado
Atualização:

As agressões a uma criança de apenas um ano e nove meses, flagradas por uma câmera escondida, levaram a babá Érica Oliveira Magalhães, de 19 anos, à prisão na tarde de quarta-feira, 4, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Ela foi presa depois que os pais da menina, portadora de síndrome de Down, entregaram a fita que registrou os maus-tratos ao Ministério Público Estadual (MPE). O casal suspeitou da babá e decidiu instalar uma câmera oculta na sala da casa. Nas cenas captadas durante dois dias, a criança é tratada com violência. As imagens mostram ela sendo jogada pela perna, do sofá para o berço. Mesmo chorando, leva tapas na cabeça e na mão e é agredida com uma mamadeira. Em outra imagem, tem as bochechas apertadas com força. Érica passava o dia inteiro com a criança, enquanto o casal trabalhava. Os pais da menina - que pediram para não serem identificados - foram avisados por uma vizinha que filha chorava em demasia quase todos os dias. "Logo depois apareceram uma lesões na pele", contou a mãe. Como a babá não soube explicar o motivo das marcas, eles decidiram instalar a câmera. O casal também fotografou as lesões deixadas no corpo da criança. Após receberem a denúncia e as provas das agressões, os promotores Marco Aurélio Nogueira e Bruno Linhares Lintz pediram imediatamente à Justiça a prisão preventiva da babá. O mandado foi expedido pelo juiz José Luiz de Moura Faleiros. Tortura Érica foi surpreendida pelos policiais em casa, no bairro Maravilha, periferia da cidade mineira. Ela chorou ao ser algemada. Em depoimento à delegada Ravênia Márcia de Oliveira, disse que estava tendo problemas em casa e acabou "descontando" na criança. A delegada observou que a câmera captou imagens da jovem se masturbando na frente da menina. Um inquérito foi instaurado e a babá poderá ser indiciada por crime de tortura, com pena de até quatro anos de prisão. "Já pedimos a impressão quadro a quadro da fita para comprovar a materialidade das provas", afirmou Ravênia. Nesta quinta-feira, foi pedido exame de corpo delito, para comprovar as agressões. Os pais da vítima disseram que Érica foi contratada há aproximadamente três meses por intermédio de uma agência de nome Elite, que já teria encerrado suas atividades. Os responsáveis pela empresa e os pais da criança serão ouvidos. A polícia vai investigar se existem outras denúncias contra Érica e tem dez dias para concluir o inquérito. A babá recebia salário mínimo e já havia cuidado de crianças anteriormente. "Em creche, inclusive. A profissão dela sempre foi essa", disse o advogado Adriano Parreira de Carvalho, que representa a jovem. Levada para o presídio Professor Jacy de Assis, Érica precisou ser isolada das outras detentas, que a ameaçavam de morte. O advogado informou que vai aguardar a conclusão do inquérito para decidir sobre um pedido de relaxamento da prisão. Apesar de reconhecer que as imagens deixam "cristalina a situação de agressão", Carvalho acredita que Érica deve ser enquadrada por maus-tratos e não por crime de tortura. Casos Em pouco mais de um ano e meio, este é o segundo episódio de agressão a crianças praticado por babá e flagrado por câmeras escondidas em Uberlândia. No final de fevereiro de 2005, uma mulher foi presa em circunstâncias parecidas. Imagens de Elenilce Maxminiano agredindo um bebê, na época com apenas um ano de idade, correram o País. Em abril deste ano, a babá foi julgada e condenada a três anos e quatro meses de prisão. Ela cumpre pena no mesmo presídio para onde foi levada Érica.

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