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Bandidos criam o ´auto-seqüestro´ no interior de SP

Professora aposentada recebeu ligação e foi induzida a ir a um local, temendo colocar vida da filha em perigo. Ela foi mantida por 20 horas no cárcere em Itu

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma professora aposentada foi obrigada a ir sozinha para um cativeiro e ficar isolada durante 20 horas, enquanto os bandidos extorquiam sua família. A nova modalidade de seqüestro, divulgada nesta segunda-feira pela Polícia Civil, ocorreu no final de semana em Itu, na região de Sorocaba. A professora Lana Hardeman recebeu uma ligação telefônica dando conta de que sua filha estava em poder dos seqüestradores. "Disseram a ela que, se não obedecesse, eles iam mandar a cabeça da filha", contou o delegado Wilson Negrão, titular da Delegacia Anti-Seqüestro, de Sorocaba. A ligação foi feita às 5 horas da manhã, quando a mulher estava em sua casa, em Itu. Sem condições de confirmar se a informação era verdadeira, ela entrou em desespero e decidiu acatar as ordens dos bandidos. Por ordem deles, tomou um táxi, foi até Salto, cidade vizinha, e se hospedou em um hotel. "Ela ficou lá durante 20 horas, atendendo a tudo o que eles pediam pelo celular, mantido ligado, sem desconfiar que a vítima do seqüestro era ela, não a filha." Enquanto a professora permanecia no "cativeiro", os bandidos ligaram para sua família e pediram R$ 50 mil. Até então, não se sabia que os telefonemas eram procedentes de um presídio do Rio de Janeiro. A filha supostamente seqüestrada, Joelma, estava em casa. Ela atendeu a ligação dos seqüestradores com o pedido do resgate para a libertação da mãe. Desconfiada, Joelma decidiu procurar a polícia. Os policiais civis logo tiveram a certeza de que se tratava de um golpe. O taxista que transportou a professora foi localizado e indicou o hotel. "Libertada", a professora disse que chegou a suspeitar de um golpe, mas o medo de colocar em risco a vida da filha falou mais alto. Negrão disse que é possível perceber a ação dos golpistas, pois eles só ligam a cobrar e, como não têm informações precisas sobre a vítima, procuram "tirar o serviço". Uma das saídas, segundo ele, é simular uma queda na ligação e fazer contato com o parente supostamente seqüestrado.

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