Beija-Flor encerra desfiles com enredo sobre a África

Apesar da técnica, a agremiação não foi propriamente impecável: um buraco se formou nos minutos finais da apresentação, por causa da correria para cumprir o tempo regulamentar

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Por Agencia Estado
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Intérprete da escola de Nilópolis, Neguinho da Beija-Flor lembrou bem, minutos antes do início do desfile: a África traz sorte para a escola. Duas vezes campeã com o enredo sobre o continente negro, em 1978 e em 1983, a azul e branco pode, mais uma vez, sair vitoriosa, conquistando o almejado tetracampeonato. Apesar da técnica, dos carros grandiosos e da participação da comunidade, que levou o samba na garganta até o fim, a agremiação não foi propriamente impecável. Um buraco se formou nos minutos finais da apresentação, por causa da correria para o cumprimento do tempo regulamentar de 1h20, atrapalhando a evolução. Com o enredo Áfricas: do berço real à corte brasiliana, a escola entrou na avenida logo depois das 5h, com uma comissão de frente que se diferenciava da apresentada nos últimos 9 anos, formada só por mulheres. Desta vez, para simbolizar um tribo africana ancestral, os agbás, a situação se inverteu: havia apenas uma mulher. Logo atrás dos 15 componentes, girafas, zebras e elefantes abriam caminho para o carro abre-alas, que trazia um beija-flor, símbolo da escola. Os animais eram movimentados por componentes, parte deles com pernas-de-pau, que se escondiam debaixo da estrutura de espuma. Para dar a "coloração" da África à escola, a equipe de carnavalescos usou muita palha, chifres, plástico e até chita nas fantasias. Nas cabeças, muita alusão aos animais da savana. Os componentes estavam muito coesos, sem deixar brechas nas alas, mas em pelo menos uma situação isso acabou sendo excessivo: foi possível ver que, em alguns momentos, duas ou mais baianas não conseguiram rodar porque as saias ficavam presas umas nas outras. À frente da bateria dos mestres Paulinho e Plínio, Rayssa Oliveira, rainha escolhida dentro da comunidade, honrou o posto, conquistado há cinco anos. Apesar do peso de 3 mil penas de faisão, entre outros adereços, a porta-bandeira Selmynha Sorriso, acompanhada do mestre-sala Claudinho, evoluiu bem. Antes de entrar na Sapucaí, disse que havia testado a fantasia por diversas vezes, para saber se ela estava ou não ficando pesada. Calculara que não seria tão difícil, mas, ao fim do desfile, viu que havia se enganado. "Pensei que pesava uns 40 quilos, mas acho que tem muito mais, pois se fosse 40 eu agüentava mole", contou ela, que se emocionou ao relembrar o desfile de 2006. "Ano passado, as pessoas olhavam com olhar de crítica. Esperei um ano, vim hoje com uma roupa pesada, mas encontrei olhares de aprovação". A escola entrou na avenida com os gritos de "é campeã", puxados pelo público que lotou a primeira arquibancada da Sapucaí, e chegou à dispersão, com o dia já amanhecendo, sob aplausos, embora muita gente tenha ido embora antes do fim do desfile. Para Laíla, responsável pela harmonia, e um dos cinco integrantes da comissão de carnavalescos da Beija-Flor, a comunidade "veio mais determinada". Sobre a correria no fim do desfile, minimizou: Não tem problema. Andou um pouquinho, para o tempo não estourar. O desfile foi ótimo". O presidente de honra da escola de Nilópolis, Anísio Abrão David, mostrou-se confiante no tetracampeonato. "Se Deus quiser. Cumprimos com a nossa obrigação". Já o presidente Farid Abrão David, lembrou, antes do desfile, o alto nível as concorrentes, entre elas, a Mangueira, a Viradouro e Salgueiro. Por isso, torceu para Deus por um desfile perfeito. "Estou pedindo para que a Beija-Flor não cometa nenhum erro. Aí vamos disputar o título". Resta saber agora se, diante do desempenho das concorrentes, os deslizes foram pequenos o suficiente para garantir o mais um campeonato.

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