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Belém tem 27 assassinatos em 24 horas após morte de PM

As corregedorias das Polícias Militar e Civil foram acionadas pelo governador, assim como todos os órgãos de segurança, para oferecer respostas sobre as mortes

Por Carlos Mendes
Atualização:

BELÉM - Vinte e sete pessoas foram assassinadas em 24 horas em 16 bairros de Belém, no Pará, entre a manhã de sexta-feira e o sábado. As mortes aconteceram depois que o policial militar Rafael da Silva Costa, de 29 anos, integrante da Ronda Tática Metropolitana (Rotam), foi morto com um tiro na cabeça durante confronto com assaltantes em fuga, no bairro de Cabanagem, ainda na manhã de sexta. A matança deixou moradores em pânico. De acordo com o governo do Estado, há suspeita de atuação de grupos de extermínio.

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Uma das vítimas, de acordo com o site G1, era um feirante que foi executado na Rua da Olaria, no bairro do Guamá. Segundo testemunhas, ele foi atingido por vários tiros disparados do interior de um carro em movimento. Uma outra vítima foi encontrada a menos de 20 metros de distância. Um outro rapaz, identificado como Flávio Oliveira Maciel, de 23 anos, foi executado na porta da casa dos pais, enquanto conversava com amigos.

Uma mãe contou, também ao site G1, que o filho, de 21 anos, foi morto em um bar, por homens encapuzados que chegaram atirando e atingiram cinco pessoas. 

O governador, Simão Jatene (PSDB) admitiu, em nota oficial, que há “indícios de execução e relação com a morte do soldado Rafael Costa” e afirmou que o Estado “não tolera situações como as ocorridas”, acrescentando que os homicídios estariam “muito além da média”. De acordo com o secretário de Estado da Segurança Pública, Jeannot Jansen, as corregedorias das Polícias Civil e Militar vão se empenhar nas investigações para esclarecer os crimes e punir os autores da matança.

O governo pediu ainda ajuda ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para apurar os crimes. A investigação deve contar com um grupo formado por representantes das duas esferas de governo.

O promotor militar Armando Brasil disse ao Estado que vai aguardar a posição das duas corregedorias para “entrar em ação”. Segundo ele, a população está “muito assustada”.

O Ministério Público Federal (MPF), por sua vez, quer ouvir a Polícia Federal antes de tomar qualquer medida sobre eventual pedido de deslocamento de competência das investigações sobre as 27 mortes para o âmbito federal. “É preciso estudar isso com muita atenção e sem precipitações”, resumiu o procurador da República Alan Mansur.

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De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2016, Belém registrou 1,98 homicídio doloso por dia em 2015. A capital do Pará fechou o mesmo ano com 50,2 mortes por 100 mil habitantes. Para efeito de comparação, também em 2015, a capital paulista registrou 8,8 homicídios dolosos por 100 mil habitantes, segundo a mesma fonte de pesquisa.

CPI. Há três anos, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta na Assembleia Legislativa do Pará para apurar a atuação de grupos de extermínio no Estado. O relatório dos deputados concluiu que há no Pará um “poder paralelo, que se alimenta das mais variadas práticas criminosas e que age com mãos e braços de agentes públicos, com poder econômico e político”.

A Comissão foi criada após o assassinato de dez jovens, também com características de execução, possivelmente em represália à morte do cabo da Rotam Antônio Marcos da Silva Figueiredo, em 2014. Um inquérito foi aberto por seis delegados e acompanhado por três promotores, mas o resultado não foi divulgado. O caso continua sob segredo de Justiça.

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