Bolsa-Família de Lula blinda o amigo Galego

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Por Cenário: Tiago Décimo
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No Estado com mais beneficiários do Bolsa-Família no País (1,6 milhão, segundo o governo federal), a simples proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva traz dividendos eleitorais. Se a relação for de amizade, então, pode até "blindar" um político.O governador da Bahia, Jaques Wagner, conheceu o presidente no fim dos anos 1970, em um congresso de petroleiros em Salvador, quando o movimento sindical começava a tomar corpo nas indústrias do ABC paulista. Chamado de Galego por Lula desde aquele tempo, participou da criação do PT, como primeiro presidente do partido na Bahia. Hoje, Wagner colhe os frutos. Foi eleito governador em 2006, no rastro da popularidade do presidente, em uma reviravolta eleitoral histórica, que acabou com 16 anos de administrações "carlistas" - do grupo do senador Antônio Carlos Magalhães, cacique do PFL (atual DEM), morto em 2007. Agora, concorre à reeleição com a perspectiva de vitória em primeiro turno, apesar de sua gestão ter sido duramente criticada. Muitas vezes, com razão.Os índices de violência cresceram - aumento de 49,6% na taxa de homicídios nos últimos quatro anos -, o Estado sofreu crises na saúde, como uma epidemia de dengue que atingiu 120 mil pessoas no ano passado. Até em áreas como o trabalho infantil a Bahia registrou dados piores nos últimos anos, como aponta o IBGE. Além disso, quase todas as grandes realizações apresentadas por Wagner são, na verdade, oriundas de investimentos do governo federal.Esses dados, e muitos outros, foram usados pela oposição, capitaneada por Paulo Souto (DEM) e Geddel Vieira Lima (PMDB), na campanha. Não causaram, porém, abalos à candidatura do governador. Empurrado por Lula - que marcou forte presença na campanha no Estado -, o Galego, que havia começado a corrida eleitoral com menos de 45% das intenções de voto, hoje tem 50%. E caminha para uma vitória sem sobressaltos.

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