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Bolsonaro: ''Estou me lixando para gays''

Parlamentar insiste na tese de que se confundiu com pergunta de Preta Gil, mas afirma não ter medo de investigação contra ele na corregedoria

Por Alfredo Junqueira , Eduardo Bresciani e Roldão Arruda
Atualização:

No mesmo dia em que a Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ) protocolou uma representação contra ele na Câmara, por quebra de decoro parlamentar, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) voltou a fazer declarações polêmicas. Indagado sobre as reações à sua afirmação sobre gays no programa CQC, da TV Bandeirantes, ele respondeu: "Estou me lixando para o movimento gay. O que eles têm para oferecer? Casamento gay? Adoção de filho por gay? Nada disso acrescenta nada."Ao chegar ao velório do ex-vice-presidente José Alencar, em Brasília, Bolsonaro voltou a dizer que houve um erro na sua resposta à cantora Preta Gil, pela qual tem sido acusado de racismo. "Eu fui entrevistado por um laptop. Minha resposta não foi àquela pergunta", afirmou. "O que entendi, por Deus do céu, era o que eu achava de um filho casar com gay." A cantora perguntou o que faria se um filho se apaixonasse por uma negra. Ele respondeu: "Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu."Para o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), seu colega na Câmara decidiu recuar porque "está com medo e é covarde". Na avaliação dele, Bolsonaro sabe que cometeu um crime e está tentando se livrar de um provável processo de cassação: "É preciso desmascarar a tentativa dele de se safar do crime de racismo. É deboche à inteligência das pessoas dizer que se confundiu. Não dá para confundir mulher negra com homossexual. Ou ele é demente, ou está debochando."Militante de movimentos de defesa dos direitos dos homossexuais, Wyllys observou que Bolsonaro não está preocupado com os ataques que fez aos gays por saber que a sociedade é mais tolerante com esse tipo preconceito. "Ele sabe que foi traído pela língua e que pode ser cassado pelo racismo. Então está tentando dizer que é "só" homofóbico. Ele está com medo e é covarde."A polêmica começou com a exibição do CQC na noite de segunda-feira. Respondendo a perguntas gravadas previamente, Bolsonaro disse que não lhe passa pela cabeça a possibilidade de ter um filho gay: "Eu dei uma boa educação, fui pai presente, não corro esse risco."A declaração considerada mais polêmica foi a que deu a Preta Gil. Já na terça-feira um grupo de deputados protocolou representação contra ele na Câmara, pedindo que seja investigado por quebra de decoro parlamentar. Ontem foi a vez da OAB, alegando que o deputado defendeu teses homofóbicas e racistas.No Twitter, o deputado Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, informou que também foram protocoladas representações feitas pelo deputado Edson Santos (PT-RJ) e pela Secretaria da Igualdade Racial. Caso seja processado e condenado, Bolsonaro pode sofrer punições que vão da censura à cassação. ReaçãoJEAN WYLLYS DEPUTADO (PSOL-RJ)"Ele está invocando essa homofobia odiosa porque sabe que a violência contra homossexual goza de mais aceite pela sociedade. Está tentando dizer que é "só" homofóbico. Ele está com medo e é covarde"OAB/RJEM REPRESENTAÇÃO ENTREGUE À MESA DIRETORA DA CÂMARA"O representado atentou contra a Constituição, a qual repudia qualquer espécie de discriminação"

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