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Bombeiros começam a procurar vítimas em entulhos já retirados do local do desabamento

Cinco ainda estão desaparecidos e, segundo o comandante da equipe de buscas, há a possibilidade de que mais vítimas tenham sido levadas por engano pelas escavadeiras

Por Bruno Boghossian
Atualização:

Três dias depois do desabamento de três edifícios no centro do Rio, o Corpo de Bombeiros determinou o início das buscas por vítimas a 30 quilômetros do local da tragédia, no terreno da Baixada Fluminense onde foi depositado o entulho retirado do local. Ainda há, pelo menos, cinco desaparecidos, mas restam poucos pontos na Av. Treze de Maio onde podem ser encontradas vítimas. Até o início da tarde de ontem, 17 corpos haviam sido removidos dos escombros. O comandante da equipe de buscas admitiu a possibilidade de que mais vítimas tenham sido levadas por engano pelas escavadeiras e caminhões que retiraram o concreto dos prédios. Na noite desta sexta-feira, um corpo foi encontrado entre o entulho que já havia sido removido para um terreno às margens da Rodovia Washington Luís. "Eu não descarto a possibilidade (de haver outros corpos nesse local). Já encontramos corpos que facilmente seriam confundidos com os escombros", disse o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões. "Em uma operação desse porte, essa possibilidade tem que ser considerada. Por isso determinamos que todos os escombros fossem mantidos em um mesmo local." As máquinas que foram usadas no trabalho de buscas e remoção dos destroços foram enviadas no início da tarde para o terreno onde está o entulho. O equipamento será usado para revirar os blocos de concreto e vigas em busca de alguns dos cinco desaparecidos, que podem ter sido transportados por engano. Cães farejadores também serão empregados nessa tarefa. Caso os animais identifiquem algum ponto em que possa estar uma vítima, equipes formadas por socorristas farão uma vistoria manual na área. No local do desabamento, restam poucos espaços que ainda não foram verificados por bombeiros e agentes da Defesa Civil. Desde o início da manhã desta sexta, as retroescavadeiras foram desligadas. Nenhum corpo foi encontrado entre 2h20 e 13h30 de sábado. A expectativa é de que existam vítimas na parte dos fundos, entre o Liberdade, um anexo do Theatro Municipal e o edifício vizinho - onde já havia sido encontrado um corpo. Cães farejadores se manifestaram depois que foram levados até esse ponto. As buscas também se concentraram em parte do vão de escadas do edifício Liberdade. Permaneceu de pé uma faixa de cerca de 1,5 metro de largura, a uma altura de sete andares. Com a ajuda de uma escada Magirus, bombeiros foram erguidos até o topo dessa estrutura, mas não encontraram vítimas até as 13h30. Foi necessário retirar com ferramentas alguns pedaços de concreto que corriam risco de cair sobre os agentes. A prefeitura chegou a informar que 27 famílias haviam procurado parentes que estariam nos prédios, mas, segundo o Corpo de Bombeiros, parentes de cinco pessoas não mantiveram contato com a Secretaria de Assistência Social. Isso indicaria que o número de mortos e desaparecidos chegaria a 22. Os trabalhos de remoção de entulho foram acelerados durante a madrugada. Quase todas as 50 mil toneladas que estavam no ponto do desabamento já foram removidas. Durante a noite de sexta-feira, as equipes de busca descobriram a existência de um subsolo no edifício Liberdade, onde encontraram os corpos de duas pessoas que estavam em andares superiores e caíram quando a laje do térreo se rompeu. O comandante do Corpo de Bombeiros lamentou as denúncias de que funcionários teriam desviado bens que estavam sob os escombros dos edifícios. Ele, no entanto, não confirmou o roubo dos pertences das empresas e vítimas.

"Se isso realmente aconteceu, nos dá uma tristeza muito grande. Cada um de nós está envolvido em um cenário de intenso sofrimento. Se alguém pegou isso ou aquilo, é realmente para se lamentar", disse Simões. Nesta última sexta, a Secretaria de Segurança informou que todos os caixas eletrônicos e objetos de valor encontrados nos escombros dos prédios foram encaminhados à Polícia Civil e periciados. Em seguida, o material foi entregues a funcionários do banco Itaú, que tinha uma agência no local. O órgão afirmou que os objetos que não pertencem à empresa serão enviados e guardados no depósito estadual.

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