Não há mais descendentes dos judeus que estiveram no Recife no século 17 atualmente no Brasil. Todos retornaram para a Holanda ou integram a árvore genealógica dos que partiram para Nova York. “A história dos 23 é realmente sui generis. Os outros navios (com judeus do Recife) voltaram aos Países Baixos (Holanda) e de lá realmente muitos ‘ex-brasileiros’ retornaram à América para tomar parte nas incursões colonizadoras do Caribe, não só sob bandeira holandesa, mas também francesa e inglesa.
Atualmente, há remanescentes judaicos no Suriname e em Curaçau”, afirma Daniel Breda, do Arquivo Histórico Judaico no Recife, que estudou a história dos judeus portugueses na Holanda. Segundo o historiador, que tem origem judaica portuguesa, “os judeus residentes no Recife holandês não tiveram a possibilidade de permanecer no Brasil sob jugo português. Em janeiro de 1654, o comandante das tropas luso-brasileiras, Barreto de Menezes, após a capitulação dos holandeses, garantiu somente três meses de salvo-conduto aos judeus. Ele deixou bem claro que os judeus que em algum momento haviam sido batizados e voltado a exercer o judaísmo durante o domínio holandês estariam sujeitos à Inquisição”. Breda afirma haver histórias de algumas famílias que se dispersaram pelo sertão nordestino. “Mas nunca vi um estudo comprobatório que demonstre linearmente a descendência de um judeu praticante do Brasil Holandês remanescente no País. O que posso afirmar com certeza é que antes e depois dos holandeses havia cristãos-novos, às vezes de famílias convertidas havia muitas gerações, vivendo por todo o Brasil.” O historiador acrescenta que “nem todos os que estavam lá em 1630 passaram a professar o judaísmo publicamente”. “Portanto, há descendentes de cristãos-novos no Nordeste inteiro, mas naturalmente, como em todo o País, trata-se de uma composição parcial da genética do brasileiro, tal como negros, índios e outros grupos caucasianos.” Uma das marcas da presença judaica no Recife é a Rua Bom Jesus, antes conhecida como Rua dos Judeus.