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Brasileiro é encontrado morto em NY

Corpo de José Ricardo foi localizado no domingo à noite numa praia, com sinais de estrangulamento e luta corporal

Por Nilza H. Barros e NOVA YORK
Atualização:

A morte do brasileiro José Ricardo Ferreira de Souza, de 31 anos, em Nova York, no domingo à noite, é um mistério. O pernambucano foi encontrado morto na Praia de Brighton, East Coney Island, com sinais de estrangulamento e luta corporal. A polícia trabalha com a hipótese de que o crime possa ter ocorrido em outra área e as correntes marítimas teriam arrastado o corpo do brasileiro para o local. José Ricardo era bispo da Igreja Vétero-Católica na América, com sede em Astoria, Queens, e fazia trabalhos sociais. No dia da morte, teria mandado US$ 150 para a irmã Silvana Ferreira de Souza, de 37 anos, para pagar a conta de telefone, que estava atrasada. As informações fornecidas pelo 60º Distrito de Polícia de Nova York, que atende a área onde o corpo foi localizado, são escassas. Os detetives do departamento de investigação trabalham sob sigilo. A hipótese é que ele tenha sido vítima de latrocínio, roubo seguido de morte, pois José Ricardo foi encontrado descalço, sem documentos nem telefone. Segundo o Consulado do Brasil em Nova York, que presta serviço como intermediário nas relações entre a polícia e a família da vítima, o atestado de óbito já teria sido emitido e um amigo da vítima, o uruguaio Cláudio Bas, que o conhecia desde 2001, estaria cuidando dos trâmites legais para o traslado do corpo. Foi ele quem informou a família da morte e quem tenta, com a ajuda de uma fundação da polícia nova-iorquina, conseguir o dinheiro da taxa e do transporte do corpo. Em casos como o de José Ricardo, quando a família não tem dinheiro para custear as despesas com o traslado do corpo ao Brasil, o mais comum é organizar uma coleta entre os amigos. Esse tipo de serviço custa, em média, US$ 10 mil nos Estados Unidos. Stela Brandão, oficial de chancelaria do Consulado do Brasil em Nova York, disse que há a possibilidade de o brasileiro ser beneficiado com uma "assistência às vítimas de violência", o que cobriria parte das despesas. A região onde o corpo de José Ricardo foi localizado concentra a maior comunidade russa nos Estados Unidos. Segundo estatísticas do Departamento de Polícia de Nova York, neste ano foi registrado um aumento de 44,1% no número de furtos e 17,8% em roubos, em relação a 2007. DE VOLTA Depois do choque pela notícia da morte de José Ricardo, a luta da família, agora, é para trazer o corpo dos Estados Unidos e enterrá-lo no Recife. "Vamos querer justiça", afirma outra irmã de José Ricardo, Maria José Ferreira de Souza, de 34 anos. Ela garante que ele vivia legalmente nos Estados Unidos. "Se estivesse ilegal, o governo o mandaria de volta, pagaria sua passagem", protestou. As irmãs mostraram revolta com a Embaixada brasileira nos Estados Unidos. "A embaixada é mal informada", afirmam. "Se a gente fosse esperar pela embaixada, nosso irmão seria enterrado como indigente." TRABALHO José Ricardo deixou o País há oito anos, para realizar trabalhos para a igreja. Primeiro, ele foi para a Argentina e depois para os Estados Unidos. Estava há três meses no Brooklyn, onde trabalhava num escritório de advocacia. Ele cursou até o fim do ensino fundamental no Brasil. Suas irmãs não sabem se ele deu continuidade a algum estudo fora do País. Há três anos, ele veio rever os familiares. Seus pais já morreram. Segundo Silvana, ainda no domingo à noite, José Ricardo falou com o sobrinho, o seu filho mais velho, Naéliton, de 10 anos, pela internet. "Eles estavam se falando quando Ricardo disse que ia dar uma volta e que depois entraria em contato." Ela afirmou que o irmão morava em uma república, com outros amigos. COLABOROU ANGELA LACERDA

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