Turistas brasileiros são barrados em aeroporto no México

Motivos ainda não foram esclarecidos; casal pagou R$ 12 mil por trajeto que iria até a Guatemala, onde ficariam até o fim do mês de janeiro

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Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - Um casal de brasileiros de Palmas foi barrado pela imigração no Aeroporto Internacional da Cidade do México e obrigado a voltar para o Brasil no dia 5. Os motivos ainda não estão esclarecidos. O técnico em segurança do trabalho Erismar Araújo, de 30 anos, e a mulher, Lorrayne Araújo, de 22, foram impedidos de seguir o trajeto que fariam até a cidade de Tapachula e, em seguida, para a Guatemala. Eles comemorariam o casamento na viagem, que duraria cerca de 20 dias. Pelo menos outros 10 brasileiros teriam sido barrados junto com o casal no mesmo dia.

Motivos ainda não foram esclarecidos Foto: Arquivo pessoal

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Araújo e a mulher seguiriam de avião para a cidade de Tapachula e, de lá, iriam de ônibus para a Guatemala, onde ficariam na casa de um amigo. "Estávamos com todos os documentos em dia, com o dinheiro para a viagem, hospedagem marcada e a carta convite do nosso anfitrião na Guatemala, mas mesmo assim fomos barrados", disse Araújo. "Não disseram os motivos, mas me parece que foi preconceito por sermos brasileiros. Só tinha brasileiros barrados."

Pela viagem o casal gastou cerca de R$ 12 mil, entre as passagens compradas pela CVC, passeios, as roupas e presentes comprados para o anfitrião.

Segundo Araújo, fiscais no aeroporto questionaram para onde ele iria, por quanto tempo pretendia ficar, por que escolheu o trajeto que faria e quanto dinheiro tinha. "Descemos do avião e já fomos direcionados para a imigração. Chegou um fiscal e começou a perguntar e depois nos encaminharam para outra sala, onde passamos quase 12 horas", disse.

Uma das dificuldades foi de falar com os agentes, já que eles não entendiam bem o português. "Nós chegamos a solicitar um intérprete porque, embora entendêssemos o que eles estavam dizendo, eles não entendiam o que a gente dizia", disse.

Só depois da espera é que foram encaminhados de volta ao Brasil. "Foi uma humilhação, um constrangimento. Saímos da sala, pertinho do check-in, parecendo bandidos. Todo mundo ficou olhando."

Na sala de espera, Araújo contou que precisou esperar até as 16 horas sem comida nem conforto nenhum. Junto do casal estavam outros brasileiros.

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"Tinha uma senhora com uma criança de 5 anos que sofreu os mesmos maus-tratos que nós. O local era parecido com um vestiário, com um banco fixo no chão. A única alimentação que tivemos foi um sanduíche queimado e com recheio com mau cheiro, que parecia estar estragado. Ao avisarmos um policial, nos foi dito que, se não quiséssemos, era só não comer. Eu não comi e minha mulher também não", disse.

Ele relatou que todo o episódio foi filmado por quatro câmeras que estavam no ambiente. O grupo também não teve acesso a telefones, para que pudesse acionar a Embaixada Brasileira ou familiares.

Transtorno. Araújo diz que acionou o Itamaraty para denunciar o episódio. "Já entramos em contato com a agência (de turismo) para verificar a situação, mas ainda não deram retorno. Vamos depender  também da resposta do Itamaraty. Mas já disseram que é muito difícil dar em alguma coisa e que o que poderia ser feito é recebermos um pedido de desculpas e entrar em contato para rever este tipo de  tratamento, mas isso não adiante de nada", reclamou. "Eu queria é que investigassem o motivo de a gente ter sido barrado e, dependendo da resposta, aí, sim, tomarmos alguma providência."

Ele também fez uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF).

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Em nota, o Itamaraty informa que instruiu o Consolado do Brasil no México a verificar o ocorrido "junto às autoridades migratórias do México, tanto no que se refere às reclamações sobre maus-tratos como sobre às razões da deportação dos cidadãos brasileiros". O órgão ressaltou ainda que não está autorizado a divulgar informações de caráter privado sem o consentimento dos envolvidos e seus familiares. 

A CVC informou que o cliente adquiriu somente as passagens aéreas com a agência, as quais foram utilizadas. "A imigração de um País pode barrar visitantes por suas razões particulares, por falta de comprovação de hospedagem, de renda para se manter no destino ou motivos que desconhecemos".

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