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Buscas por vítimas de desabamentos no Rio entram na reta final

Ainda há cinco corpos desaparecidos, o que pode elevar o total de mortos na tragédia para 22

Por Bruno Boghossian
Atualização:

 RIO - Os trabalhos de retirada de entulhos dos três prédios que desabaram no Centro do Rio já estão na reta final. Foi suspensa a utilização de equipamentos pesados e os bombeiros agora trabalham com uma escada Magirus na retirada de parte do vão das escadas do Edifício Liberdade, que ainda ficou presa ao prédio do lado.  

 

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Os bombeiros usam enxadas e alicates para soltar pedaços de concreto que ameaçam cair. Há parentes de cinco desaparecidos ainda à espera de notícias, o que pode elevar para 22 o número de mortos na tragédia. O 16º e 17º corpos foram encontrados na madrugada deste sábado.  A expectativa é de que os trabalhos de busca dos bombeiros se estendam até a manhã deste domingo.

 

O secretário Estadual de Defesa Civil, Sérgio Simões, que acompanha o trabalho das equipes de resgate no local, disse que irá enviar ainda hoje máquinas e equipes com cães farejadores para o terreno onde estão sendo depositados os entulhos, na Rodovia Washington Luís, na Baixada Fluminense.

 

Na sexta-feira, foi achado um corpo de mulher, já muito dilacerado, entre os escombros e o secretário não descarta a possibilidade de que corpos de outras vítimas possam estar no local.

 

Tristeza e indignação

 

Durante o enterro de Margarida Vieira de Carvalho, de 65 anos, moradora do 20º andar do Edifício Liberdade, que desabou na noite de quarta-feira no centro, amigos cobraram explicações das autoridades para o acidente. Também lembraram os planos da vítima de voltar com o marido, Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, para Hidrolândia, no Ceará, em fevereiro. Cornélio era porteiro do prédio há vinte anos e também está entre as vítimas fatais do acidente.

 

Uma comissão do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) investiga se duas obras realizadas no terceiro e no nono andar do edifício estão entre as causas do desabamento.

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"As obras são feitas sem controle, o desenho original é modificado. Quem é responsável por isso tudo? Tem que ser cobrado. Quem são os órgãos encarregados de fiscalização? Não existem. Não pode fazer uma vistoria a cada vinte anos", afirmou o advogado aposentado Oscar de Oliveira Neto. O advogado contou que Margarida trabalhou durante dez anos em sua casa como doméstica.

 

"Margarida me disse que em fevereiro eles iam voltar para Hidrolândia, eles já tinham onde morar lá. Cornélio tinha tido problemas no coração, eles queriam viver com mais tranquilidade", contou a servente Maria do Socorro Vieira das Chagas, moradora da favela da Rocinha.

 

Sobrinha e parente mais próxima de Margarida, que não tinha filhos, a atendente de supermercado Joana D'Arc estava inconsolável no enterro da tia e segurava durante todo o tempo uma foto de Margarida e Cornélio abraçados. Margarida foi a terceira vítima do acidente a ser enterrada. Hoje será sepultado também o corpo de Alessandra Alves Lima, de 29 anos.

 

(Com Luciana Nunes Leal, de O Estado de S. Paulo)

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