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Caboclos de lança, as estrelas do maracatu de Olinda

17.º encontro reúne 80 agremiações, com suas cabeleiras coloridas de papel celofane

Por Agencia Estado
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Com golas de lantejoulas, cabeleiras coloridas de papel celofane e os chocalhos sob o surrão produzindo um barulho ensurdecedor e característico, os caboclos de lança foram as estrelas do encontro de maracatus rurais, no Espaço Ilumiara Zumbi, no bairro Cidade Tabajara, em Olinda. Na 17.ª edição, o encontro reuniu cerca de 80 agremiações do Estado, de grupos tradicionais fundados no início do século 20, a maracatus recém-criados. ?Pernambuco é a terra do frevo e do maracatu, seus dois símbolos mais conhecidos. É o celeiro da cultura popular?, declarou Mestre Salustiano, de 61 anos, detentor do título de ?patrimônio vivo de Pernambuco? e responsável pelo encontro. ?A Casa da Rabeca tem uma programação (paralela) mesclada, tem um pouco de tudo, é um pouco desse celeiro?, disse Mestre Salu, como é conhecido. Maracatus rurais Rabequeiro, brincante de cavalo marinho e de boi, produtor, artesão, Mestre Salu criou o Maracatu de Baque Solto Piaba de Ouro em 1997, e há 17 anos faz o encontro em Olinda. ?Os jovens estão infiltrados em todas as brincadeiras e expressões, o que garante a continuidade.? E faz isso na Associação de Maracatus de Baque Solto de Pernambuco. E se revolta ao ouvir o relato do presidente do Maracatu Leão da Mata de Itaquitinga, Sebastião Francisco da Silva, que contou, durante o encontro, ter feito empréstimo de R$ 2 mil no Banco do Nordeste para financiar o maracatu. ?Um filho sem pai (o poder público) não é filho?, afirma. ?Para a cultura popular sou pidão.? Os maracatus rurais se originaram na zona da mata, com camponeses da monocultura da cana-de-açúcar. O outro tipo é o maracatu-nação ou de baque virado, com orquestra de percussão e som mais melodioso e harmônico. Surgiu nas senzalas do Recife, no século 17. João Hélio Nesse dia nobre do maracatu rural, as nações mostraram que não estão distantes da realidade. Os mestres da nação Leão Coroado cantaram uma toada que falava do drama do garoto João Hélio Fernandes, brutalmente assassinado no Rio.

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