Cabral culpa ocupação irregular e chuva em excesso por 'tragédia anunciada'

Governador do Estado disse que prefeituras precisavam de 'decisão firme' para impedir construções

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Por Redação
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RIO - O governador do Rio, Sérgio Cabral, falou nesta quinta-feira, 13, que a "tragédia anunciada" nos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na Região Serrana, se deveu a uma combinação da intensidade inesperada dos temporais com a ocupação irregular das encostas. "É como a gente viu ano passado em Angra dos Reis: a ocupação residencial nas últimas décadas, independente do nível social, numa área imprópria, combinada ao fator do deslizamento", disse em entrevista à Rádio CBN, no fim da manhã.

 

 

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"Houve danosamente uma ocupação nos últimos 25 anos, de maneira absolutamente irresponsável. Nós, do governo do Estado, estamos protagonizando o apoio à população, mas é evidente que desde 1988 a Constituição Brasileira diz que solo urbano é responsabilidade da municipalidade. Não pode só autorizar e proibir a construção do shopping center, do prédio formal. Tem sempre um político demagogo para fazer uma graça, dizer que é falta de respeito com o pobre, mas a gente tem que tomar uma decisão firme", afirmou, sem apontar nominalmente culpados.

 

 

 

"Não quero culpar prefeito A, B ou C, mas há um conceito, que vem de décadas, de permissividade na ocupação de encostas. Caso nós tivéssemos um padrão rígido de ocupação de encostas, teríamos vítimas, sim, mas não tantas. Veja o caso da Austrália: há mais de 20 mortos, mas não chega a quase 500 mortos. Não quero eximir de responsabilidade os governos federal nem estadual. Mas Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo quadruplicaram suas populações nos últimos 40 anos. A tomada das encostas nessas cidades levou a essa tragédia."

 

Cabral contou que falou ao telefone com a presidente Dilma, com quem fará um sobrevoo em breve, e com o ex-presidente Lula, que prestou solidariedade por conta das perdas no Estado.

 

Tragédia. O vice-governador Luiz Fernando Pezão, afirmou, em entrevista à TV Globo, que em 28 anos de vida pública nunca viu tragédia igual à que presenciou em Nova Friburgo e em Teresópolis. "É impossível a gente falar que aconteceu falha de algum órgão. A gente tem falado sistematicamente que temos de tirar pessoas de áreas de risco. Não dá mais para todo janeiro e fevereiro ficar contando mortes. Eu já fui tachado até de nazista por tirar as pessoas das casas, mas temos que fazer", disse.

 

"Em cinco anos de governo, já tivemos o Morro do Bumba, em Niterói, Angra dos Reis, mas nada se compara. No Bumba, não chegou a 100 milímetros de chuva, em Angra, a 120 mm. Em Friburgo, foram 280 mm." Pezão está em Nova Friburgo desde ontem.

 

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