Cabral formaliza pedido de Forças Armadas a Lula

Ministros da Justiça e da Defesa mostraram resistência ao pedido, mas presidente deve aceitar o pedido do governador do Rio e enviar militares às ruas da capital

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), entregou nesta quarta-feira, 11, o pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que as Forças Armadas atuem nas ruas da capital do Estado. Cabral entregou um documento, solicitando a colaboração das Forças Armadas no combate ao crime organizado, durante um encontro com o presidente. Mesmo tendo confirmado o pedido, o presidente não adiantou de que forma acontecerá a participação dos militares, mas afirmou que haverá outras reuniões com o ministro da Justiça, Tarso Genro, e os responsáveis pela segurança no Estado para avaliar a melhor forma. Lula não informou quando começaria a ação e nem quantos militares participariam. Cabral já havia anunciado, na segunda-feira, 9, que ia fazer o pedido a Lula. O anúncio foi feito depois que o governador deixou o velório do policial militar Guaraci Oliveira da Costa, de 28 anos, morto na manhã de domingo. Apesar de o ministro da Justiça, Tarso Genro, ter dito, na segunda, que é contra a presença das Forças nas ruas, já que elas não são treinadas para combater a violência, a decisão fica nas mãos do presidente. Lula afirmou que deve atender o pedido de Cabral. ?Se o Cabral pedir, com o maior carinho vamos trabalhar para atendê-lo?, disse Lula, também na segunda, em São Paulo. Na terça-feira, outro ministro apontou oposição à decisão do presidente. Apesar de dizer que é possível atender ao pedido do governador do Rio, o ministro da Defesa, Waldir Pires, mostrou resistência e restrições à idéia. "As Forças Armadas são essencialmente para garantir a soberania nacional", declarou o ministro Repercussão O pedido do governador do Rio foi destacado por reportagem do diário argentino La Nación nesta quarta-feira, 11. O jornal afirma que o presidente Lula ?disse que atenderá ao pedido por tropas do governador do Estado?, mas observa que ?a possibilidade de ver militares nas ruas provoca inquietação em muitos setores, que consideram que não é o método mais apropriado para combater a delinqüência?. A reportagem comenta que ?a ?cidade maravilhosa? tem sido um cenário convulsionado no qual se viram recentemente pessoas carbonizadas em ônibus e um menino arrastado até a morte em um carro roubado?, lembrando o assassinato de João Hélio. O assunto também é tema de reportagem do espanhol El País, que comenta que ?o governador, que já havia pedido a ajuda da Força Nacional para atuar especialmente nas favelas, se deu conta de que, apesar da boa vontade expressa durante a campanha eleitoral e suas promessas de acabar com a criminalidade organizada na cidade, a tarefa se apresenta muito mais difícil do que parecia?. O jornal avalia que Lula está ?entre a cruz e a espada?, por sua amizade com Cabral e também com o ministro da Justiça, Tarso Genro, que se declarou contrário à presença do Exército nas ruas do Rio. Para a reportagem, Lula ?é consciente de que a opinião pública, cansada de tanta violência, está a favor da presença do Exército? e que por isso ?anunciou que vai estudar o assunto para ?ajudar o amigo Cabral??. Com informações da BBC Brasil. Texto ampliado às 10h20 com informações da Reuters.

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